O apelo de Filipe Nyusi para apaziguar Moçambique
O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou hoje para o fim da destruição de infraestruturas públicas e privadas e da morte de polícias e civis durante manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane.
“Vamos parar com as destruições, vamos precisar e vamos ter peso na consciência por aquilo que devíamos ter deixado evoluir e não evoluiu, porque há países que já não sabem e não têm beco por onde sair porque mergulharam numa confusão e são só mortes, destruições e pilhagens”, disse o Presidente moçambicano durante a inauguração de uma infraestrutura do Instituto Nacional de Segurança Social, na província de Gaza, Sul de Moçambique.
“Não fica bem-estarem a morrer pessoas porque foram violentadas pelas Forças de Defesa e Segurança ou o inverso, mas eu acredito que façam a vossa parte, se cada um fizer um pouco só do que podemos fazer isto vai parar”, acrescentou o chefe do Estado moçambicano.
Nyusi afirmou que os moçambicanos precisam de “cabeça fria” para resolver a tensão pós-eleitoral, pedindo para que olhem para o país “com carinho” e apontando que é “invejado” devido aos recursos de que dispõem.
“Se não fosse nada este país ninguém se preocupava, ninguém semeia milho na areia, ninguém. Não vai germinar. Como é uma terra fértil, vocês os jovens têm que fazer a vossa parte”, declarou o Presidente moçambicano, pedindo aos cidadãos foco no desenvolvimento do país.
“Entrei em Gaza sem muitas escolas, sem muitos hospitais, sem muita água, sem energia e sem estradas. Tenho a impressão de que as pessoas esquecem rápido, mas o tempo é responsável para fazer a justiça para todos os moçambicanos que trabalham para isso e Gaza é uma das províncias que tanto faz para isso”, concluiu Filipe Nyusi.
Pelo menos seis pessoas ficaram feridas, incluindo a jovem atropelada por militares, durante confrontos entre manifestantes e a polícia na quarta-feira, em protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, anunciou o Hospital Central de Maputo.
As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) assumiram na quarta-feira terem atropelado uma jovem na capital moçambicana, esclarecendo que o veículo se encontrava “numa missão de proteção de objetos económicos” contra manifestantes e que a vítima foi socorrida.
Pelo menos três pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas devido ao disparo de tiros na quarta-feira em Moçambique nas manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tinha apelado na terça-feira à população moçambicana para, durante três dias, começando quarta-feira, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia e das quais resultaram cerca de 70 mortos e mais de 200 feridos, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pelo partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de Outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Redactor