O uso de Produtos de Tabaco Aquecido versus cigarros electrónicos

A redução de danos resultantes do consumo de tabaco para além dos cigarros electrónicos, mas com recurso a Produtos de Tabaco Aquecido (HTP, na sigla em inglês), foi um dos temas debatidos por cerca de 30 pesquisadores e cientistas internacionais, num encontro realizado no dia 16 de Novembro em Londres, denominado The E-Cigarette Summit.

O objectivo fundamental é conseguir reduzir o consumo de cigarros para abaixo de 5%, tendo ficado assente que o uso de produtos de tabaco aquecido, em contraste com a queima, também contribui para a redução dos riscos à saúde para aqueles que não conseguem parar de fumar.

No encontro de Londres, que foi acompanhado por mais de 500 participantes em diversas partes do mundo, coube a Lion Shahab, professor de Psicologia de Saúde, no Colégio Universitário de Londres, onde também é co-director do Grupo de Investigação sobre Tabaco e Álcool, falar sobre a redução de danos para além dos cigarros electrónicos, nomeadamente como os cigarros electrónicos se comparam com produtos do tabaco aquecido.

O especialista iniciou a sua apresentação fornecendo dados que mostram que em países ou áreas com acesso limitado aos cigarros electrónicos, os produtos chamados HTP tendem a popularizar-se.

Deu exemplos de países como Japão, Coreia do Norte e Bulgária, onde os HTP tornaram-se populares devido à proibição e restrições no uso de cigarros electrónicos.

Ao comparar os cigarros electrónicos e os Produtos de Tabaco Aquecido, conforme o tema do debate, Lion Shahab destacou o facto de nenhum deles envolver combustão. “Ambos são dispositivos alimentados por bateria e são vistos, principalmente, como dispositivos de administração de nicotina”, disse, assinalando que “os cigarros electrónicos usam líquido com nicotina, enquanto Produtos de Tabaco Aquecido usam bastões que contêm tabaco”.

Em relação aos efeitos para a saúde, Shahab disse que com base num estudo por ele realizado, os HPT são produtos de risco reduzido em comparação com os cigarros, mas com riscos residuais que, provavelmente, sejam maiores que os cigarros electrónicos. Segundo as evidências que colectou, ambas formas apoiam a cessação do tabagismo e reduzem o consumo, mas, os HPT podem encorajar mais ou uso duplo a longo prazo e potencialmente a recorrência em comparação com os cigarros electrónicos, que são comparativamente menos prejudiciais.

Sugeriu, por isso, uma redução de danos mais limitada dos Produtos de Tabaco Aquecido que os cigarros electrónicos, anotando que o uso dos chamados HPT deve ser abraçado por aqueles que não conseguem parar de fumar através de outros métodos.

A diferença é que enquanto nos Produtos de Tabaco Aquecido a nicotina, que é altamente aditiva, está naturalmente presente, os cigarros electrónicos estão livres da nicotina.

Lacuna da FCTC

Pascal Diethelm, presidente da OxySuisse, falou da redução de danos do tabaco como “um assunto sério para deixar nas mãos da indústria (tabaqueira)”. Referiu-se a objectivos antagónicos entre a saúde pública e a indústria do tabaco. “Para a saúde pública, o objectivo é, em primeiro lugar, reduzir a prevalência do tabagismo através da prevenção e da cessação, enquanto o interesse da indústria do tabaco é o de vender o maior número possível de cigarros”, disse.

Diethelm disse que a saúde pública mede o seu sucesso em termos da redução (ou mesmo eliminação) do fardo que representam as doenças resultantes do consumo do tabaco, e defendeu a necessidade de se colocar a redução dos danos do tabaco em primeiro lugar, libertando-a da ideologia neoliberal do mercado livre que a constitui em pirâmide.  Isso, enfatizou, removerá grande parte da desconfiança relacionada aos produtos alternativos ao consumo de tabaco.

Criticou, por isso, a Convenção-Quadro da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o Controlo do Tabaco, que no seu entender não contém medidas relativas à redução dos danos do tabaco. A Convenção-Quadro é o primeiro tratado internacional de saúde pública negociado sob os auspícios da OMS. Proposto durante a 52ª Assembleia Mundial de Saúde da OMS, em 1999, como instrumento de resposta à crescente epidemia do tabagismo em todo o mundo, a Convenção-Quadro foi negociado ao longo de quatro anos, e entrou em vigor em 2005.

Para Pascal Diethelm, o facto de a Convenção-Quadro não conter medidas relativas à redução dos danos do tabaco foi uma enorme lacuna que “abre espaço para que a indústria e os representantes da saúde pública não façam parte da solução, que é estabelecer uma série de estratégias de oferta, procura e redução de danos”.

PMI

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