Oh coitado mentiroso!

Nos tempos da “outra senhora” aqui em Moçambique, quase todas as escolas, sejam elas oficiais, pública ou privadas, tinham a obrigatoriedade de leccionar uma cadeira chamada Educação Moral.

Não pretendo com isto dizer que os que estudaram nesse período eram ou são uns santinhos. O certo é que os sem-vergonha eram muito poucos e não se expunham e nem tinham oportunidade para tal, muito pelo contrário.

Chegou a “revolução” e se inculcou e cultivou-se a ideia de que a religião era algo marginal e, logo, essa treta de Educação Moral era coisa “ultrapassada” Era a era do “camarada papá”, “camarada mamã”, “camarada professor”, etc. etc. O PUDOR e a POSTURA digna partiam para umas longas férias.

Mas como em tudo, a “revolução” não apenas trouxe coisas más. Todos sabemos disso, incluindo aquela da “ligação polícia/povo”, “escola/comunidade” e alguém cantou que “a ximbomana, a xa ha tirhi” (o cassetete já não funciona) e o homem de Xilembene disse a dada altura que se devia “fazer da escola para o povo tomar o poder”.

Como os tempos mudam e as coisas também, hoje por hoje parece que a essa treta da “ligação polícia/povo” passou para a História e há quem entenda a palavra “povo no poder” como uma ameaça ao seu status.

Há umas décadas era escandaloso um adulto mentir, mesmo em ambientes restritos, mas hoje por hoje, até se vai aos mais altos palanques proferir inverdades, num espantoso à-vontade.

Como disse no início desta gatafunhada, nos tempos da outra senhora quase todos os textos dos livros de leitura do ensino primário terminavam com uma frase/máxima, resumindo a moral da história em presença, para a moldagem do Homem, que nem se dizia se era “novo” ou “velho”…

Me recordo de um texto que contava a história de um jovem pastor que por duas vezes enganou construtores de uma estrada, clamando por socorro, alegadamente porque um leão lhe devorava os animais. Na primeira e na segunda peta os operários repreenderam o tratador das manadas, depois de acorrerem à toa.

A um terceiro clamor do jovem pastor os operários reagiram com uma indiferença total, mas, afinal de contas, desta vez era mesmo a sério, o puto estava em apuros, e os trabalhadores só se certificaram disso quando o cuidador do gado apareceu, ele próprio, ensanguentado, na estrada em construção, e estes disseram que não haviam ido em socorro dele julgando tratar-se de mais uma brincadeira de mau gosto.

E a frase da moral da história deste texto era: mente uma vez, mente sempre.

E até havia um refrão que todos os alunos cantarolávamos na escola e era usado sempre que um colega faltasse à verdade, e assim poucos trilhavam pelo caminho da mentira.

É que fica complicado para quem mente sobre uma realidade conhecida por todos, porque no dia em que tentar defender uma tese verdadeira poucos lhe levarão a sério, na ideia de que “quem mente uma vez, mente sempre”.

Oh coitado mentiroso!

Mente uma vez, mente sempre

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras!  Digo/escrevo isto porque que ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 24  de Março de 2023, na rubrica TIKU 15.

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