Estratégias do PNG para permitir uma coexistência Homem/fauna bravia

Numa altura em que globalmente quase só se fala de extinções de diferentes espécies e redução dos habitats naturais, associados ao tristemente famoso conflito Homem/fauna bravia, o Parque Nacional da Gorongosa (PNG) situado na província central   moçambicana de Sofala, pesquisa e adopta diferentes formas que permite a convivência entre os animais daquela estancia e os residentes nas zonas limítrofes.

A avaliar pelo que constatamos, essas iniciativas estão a ser bem-sucedidas e claramente se nota uma inversão do panorama prevalecente em muitos parques não só de Moçambique: uma coabitação mais ou menos pacífica entre os animais racionais e irracionais.

Cercas de colmeias melhoradas, currais melhorados à prova de predadores diversos e celeiros à prova de elefantes, são algumas das formas que o PNG adoptou, visando reduzir o conflito entre o Homem e a fauna bravia, logrando alguma coexistência entre as duas partes.

Hercília Chipanga, gestora do sector de Relações Comunitárias do PNG

O gigante-mor terrestre – o elefante – se apresenta como o principal perigo para os esforços dos agricultores de subsistência, sendo por isso que a maioria das estratégias têm nele como o principal alvo.

As cercas de colmeias – construídas com chapas de aço zincadas e estrategicamente colocadas nos habituais corredores dos elefantes -, têm aproximadamente 90% de êxito na proteção das plantações contra as investidas do maior mamífero terrestre e a colocação de placas de metal nos pontos de passagem ajuda a garantir uma coexistência pacífica, de acordo com Hercília Chipanga, gestora do sector de Relações Comunitárias do PNG.

Colmeias melhoradas para proteger as comunidades dos animais bravios

A gestora refere ainda que há opções defensivas com duplo rendimento: evitar a intromissão dos animais selvagens, com o elefante sempre em evidencia e ganhos em termos de receitas para as comunidades. São os casos de colmeias melhoradas, que além de afugentar os animais bravios, geram mel cuja colheita traz ganhos monetários, para além de contribuir para a nutrição das comunidades.

Com resultados plenos, o PNG está, desde 2019, a apoiar as comunidades da zona Sul, distrito de Nhamatanda, na construção de celeiros melhorados designados por “celeiros a prova de elefantes”, no contexto das estratégias de prevenção e mitigação do Conflito Homem Fauna Bravia, frisa Chipanga.

Foi nesta esteira que, segundo Hercília Chipanga, o PNG construiu mais de 500 deste tipo de celeiros para igual número de agregados familiares, em substituição de celeiros tradicionais que não ofereciam nenhuma segurança aos alimentos armazenados.

Conforme explicou, que o “celeiro à prova de elefantes” é construído com recurso a tijolos queimados, varrões de construção civil e cimento e este oferece uma resistência e condições de armazenamento que não permitem a destruição por parte dos elefantes e ainda ajudam na prevenção contra pragas.

Neste celeiro com capacidade para uma tonelada de cereais (altura de 1,85cm e diâmetro de 75 cm), o elefante não consegue sentir o cheiro do produto armazenado e por isso não o vandaliza e daí a designação de “celeiro a prova de elefantes”.

REFINALDO CHILENGUE

https://bit.ly/3Zkww2g

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *