Os moçambicanos são capazes
Ao longo do domingo dia 28/04/2024, vi algo que me deixou com esperança que os moçambicanos podem e são capazes. Há pouco mais de um ano o povo moçambicano perdeu o seu ícone na música rap, não é e nem só foi de dimensão moçambicana. Ele foi coroado como músico mais respeitado da lusofonia.
Falo do mano Azagaia, como carinhosamente era tratado e ainda está sendo. Nesse domingo, em pleno programa televisivo, aconteceu o inesperado e algo surpreendente, milagroso, inimaginável, impensável, inalterável, esperançoso e deixou todo moçambicano reflexivo, etc.
Num programa televisivo, em menos de uma hora mais de um milhão de meticais entra na conta da esposa (viúva) do Azagaia para reabilitar a sua casa. O povo abraçou-se, uniu, mostrou que juntos podemos em uma hora fazer algo diferente.
Essa força faz-me cultivar talvez momentaneamente a esperança de que somos capazes de remover quem nos faz sofrer prometendo tudo e tudo não aparece. Essa força faz-me pensar que juntos somos capazes e podemos viver um Moçambique melhor.
Não estou apaixonado pelo dinheiro e nem pela quantia do dinheiro. Estou estupefacto pela atitude dos moçambicanos em mostrar que não há político que os possa obrigar a esquecer o seu ícone. Para os moçambicanos, Azagaia tatuou uma mensagem inapagável nos seus corações e fez o que ninguém podia fazer.
Também reflicto esse gesto como forma de se redimir do povo pela incompreensão ao jovem músico. O povo foi por muito tempo apático e cruel com o mano Azagaia, hoje, há sinais de que a sua obra mudou a mentalidade de muitos.
Não se chora apenas pelo jovem músico Azagaia, mas pela partida precoce do advogado do povo lusófono. Quem poderá preencher o vazio por ele deixado? Ele sim é um herói dos pobres, mártir da advocacia dos excluídos, embondeiro dos devastados e esperança dos incompreendidos.
Os moçambicanos podem em pouco tempo, reitero, pouco tempo, ruar (mandar embora) os opressores e os regimistas analfabetos da democracia e gananciosos dos recursos. É possível sim viver melhor neste país.
Termino dizendo que o povo ainda não sofreu o suficiente. No dia em que houver saturação, o país será parado e ninguém travará essa parada. Ou os governantes cessarão por livre vontade, ou sairão como uma grávida abortada instantaneamente.
O gesto ora feito nesse domingo vale replicar nas urnas, nos tribunais eleitorais, nas CNE e nos STAE. Vale replicar essa força e união na reivindicação dos salários, no combate às mentiras perpetradas pelos graúdos e repudiar os informes infames proferidos algures na cidade de Maputo.
Vale lembrar que a força faz o povo e a nação. Quer um país melhor? Junte-se à causa e lute por onde estiver.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 29 de Abril de 2024, na rubrica OPINIÃO.
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