Poluição em Moatize

Poluição – O Presidente do Conselho de Administração da mineradora Vale Moçambique, Marcio Godoy, considera de “complexas e sensíveis” as persistentes alegações de que os trabalhos da companhia que dirige causam poluição ambiental em Moatize, na província central moçambicana de Tete.

Sem rejeitar as alegações, Godoy falou de “um conjunto de factores” que concorrem para essa situação e apontou uma série de esforços que a mineradora está a desenvolver para mitigar o drama.

Em entrevista ao jornal Correio da manhã esta quarta-feira em Maputo, Marcio Godoy disse que em determinado momento se assistiu a uma “constante e incompreensível aproximação” de alguns habitantes de Moatize para as proximidades do perímetro da área concessionada à Vale.

“Há pessoas que se aproximaram até perto de 200 metros da área concessionada à Vale e com as actividades aí desenvolvidas as pessoas eram atingidas pelas poeiras resultantes das nossas actividades”, alegou o Presidente do Conselho de Administração da mineradora Vale Moçambique.

Imagem recentemente colocada numa das redes sociais ilustrando ambente poluido de Moatize

Marcio Godoy disse que num esforço combinado envolvendo a mineradora, as autoridades locais e membros da própria comunidade se conseguiu travar esse ímpeto e hoje a Vale multiplica esforços para mitigar o impacto negativo das poeiras resultantes da exploração mineira em Moatize.

“Temos estado a multiplicar esforços para esbater a forca da poeira resultante da mineração e junto das comunidades temos monitores que, caso necessário, nos alertam para a atempada intervenção dos nossos peritos para mitigar a poluição”, prosseguiu.

Tem sido recorrente colocações de alguns residentes de Moatize, Tete, nas redes sociais e na media clássica, denúncias sobre a poluição ambiental que o trabalho da Vale está a causar naquela região de Tete, centro de Moçambique.

Prejuízos no II trimestre deste 2019

Marcelo Tertuliano, Marcio Godoy e Bruno Chicalia (gerente institucional da Vale)

Entretanto, a Vale Moçambique afirma ter registado um resultado operacional negativo de USD145 milhões no segundo trimestre deste 2019, devido à descida do preço de carvão e problemas climáticos.

O resultado operacional relativo ao período entre Abril e Junho deteriorou-se ainda mais, quando comparado com o primeiro trimestre do ano, que registou um prejuízo de USD 125 milhões, diz um resumo da empresa referente a este período.

“O resultado operacional foi impactado por menores preços, além de maior gasto por movimentação [do produto]. Houve mais movimentação no segundo trimestre comparado com o primeiro e isso gera mais gastos”, disse Marcelo Tertuliano, director financeiro da Vale Moçambique, na apresentação de resultados feita em conferência de imprensa esta quarta-feira em Maputo.

De acordo com os responsáveis da Vale, a baixa dos preços de carvão deve-se ao aumento do uso de energias alternativas e mais limpas, como o gás natural, e a um inverno ameno, associado à forte concorrência que se assiste no mercado.

Uma das áreas de produção mineira da Vale em Moatize

A Vale produziu 2,4 milhões de toneladas de carvão no segundo trimestre, contra 2,2 milhões no período entre Janeiro e Março.

Os (imprevisíveis e incontroláveis) preços recuaram 5% no segundo trimestre quando comparado com os primeiros três meses do ano, referiram os responsáveis da Vale Moçambique.

Entre Janeiro e Março a companhia teve receitas na ordem de USD 286 milhões, contra USD 271 milhões no período entre Abril e Junho.

A baixa dos preços também influenciou nos ‘royalties’ que a empresa paga ao Estado, tendo caído de quatro milhões de dólares norte-americanos para 3,8 milhões de dólares norte-americanos.

A dívida da empresa também cresceu de 8,2 mil milhões de dólares norte-americanos para 8,9 mil milhões de dólares norte-americanos.

A Vale Moçambique previa explorar este ano 14 milhões de toneladas, mas, entretanto, reviu em baixa para cerca de 10 milhões.

A companhia brasileira explora carvão na província de Tete, no centro de Moçambique, numa mina com capacidade para produção anual de perto de 11 milhões de toneladas de carvão.

Mesmo perante este quadro os responsévis da Vale Moçambique mostram forte entusiasmo e apontam como desafio a curto prazo atingir acima de um milhão de toneladas de carvão mensalmente e manter o estatuto da empresa como referência no panorama dos produtores desta commodity a nível mundial.

Redacção

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