Quarta “chimurenga”

A quarta guerra de libertação do Zimbabwe ou quarta chimurenga trava-se duro no Tribunal Constitucional em Harare desde sexta-feira, 10 de Agosto de 2018.

Segundo a história política do Zimbabwe, a primeira chimurenga foi de resistência contra a penetração colonial europeia em que os nativos perderam e foram colonizados. Mais tarde reorganizaram-se e lançaram a segunda chimurenga para a libertação do país do regime minoritário de Ian Douglas Smith e ganharam, tendo o país se tornado independente em Abril de 1980 com o apoio das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM).

Dizem que a terceira chimurenga é pela posse da terra ocupada por brancos e ganharam, mas o país ficou pobre.

A Aliança da oposição liderada pelo Movimento para Mudança Democrática (MDC), reclama ter iniciado a quarta chimurenga para desalojar a ZANU-Frente Patriótica do poder que assumiu desde 1980.

Para o efeito, a Alianca MDC entregou ao tribunal constitucional um volumoso processo litigioso de mais de 200 páginas contra a vitória de Emerson Dambudzo Mnangagwa, proclamado vencedor das eleições presidenciais de 30 de Julho de 2018.

Para a Aliança MDC, Mnangagwa roubou votos.

O processo submetido ao Tribunal Constitucional travou a cerimónia de tomada de posse de Mnangagwa prevista para Domingo no Estádio Nacional de Futebol em Harare. O Tribunal tem 14 dias para tomar a decisão.

Em pleno primeiro de Agosto, a oposição mobilizou os seus apoiantes para uma revolta violenta respondida com musculatura policial e militar usando gás lacrimogénio, canhões de água e balas de chumbo. Houve seis mortos.

Para a oposição foi a segunda fase da quarta guerra de libertação (chimurenga).

A oposição considera que comícios de campanha do seu candidato Nelson Chamisa estavam sempre cheios de gente nas cidades e nas zonas rurais, pelo que não se explica que tenha perdido as eleições presidenciais.

A quarta chimeranga em marcha no Zimbabwe
A quarta “chimuranga” em marcha no Zimbabwe

A participação nos comícios de campanha eleitoral é considerada termómetro da vitória do jovem candidato nascido dois anos antes da independência proclamada em Abril de 1980 após vários anos de segunda chimurenga apoiada pelas FPLM – Forças Armadas regulares (governamentais) de Moçambique.

Aparentemente a oposição desconhece o facto de que no Zimbabwe e noutros países africanos a maior parte do eleitorado vive nas zonas rurais com simpatias históricas por movimentos de libertação reforçadas por coação perpetrada por líderes comunitários ou tradicionais.

As cidades são consideradas “centros de rebeldia juvenil contra a velha guarda”.

Na África do Sul, a Aliança Democrática (AD), na oposição, controla as cidades de Joanesburgo, Pretória, Porto Elizabete e a Cidade do Cabo, sede do parlamento.

Em Moçambique, o MDM controla as cidades da Beira, Nampula (menos a presidência) e Quelimane, três maiores urbes depois de Maputo capital do país.

No Zimbabwe, a oposição suplantou a Frente Patriótica nas urnas em Harare, Bulawayo e Gweru, três principais cidades do país.

A Aliança MDC ganhou quatro das 10 províncias. O resto do grande Zimbabwe está nas mãos de freedom fighters ou combatentes de libertação da segunda chimurenga.

Uma das batalhas decisivas de quarta chimurenga iniciada em pleno primeiro de Agosto trava-se no Tribunal Constitucional em Harare. Vamos aguardar…

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 15 de Agosto de 2018 na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE

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