Quissanga a ferro-e-fogo

Quissanga a ferro-e-fogo desde as primeiras horas desta quarta-feira, de acordo com relatos dos residentes locais para o Correio da manhã.

Informantes daquela área costeira de Cabo Delgado, Norte de Moçambique disseram ao Correio da manhã que os combates começaram “por volta das as 04 horas” locais e há registo de “vários mortos”, entre militares e civis.

Na sequência das refregas, se está a registar uma fuga generalizada da população da vila para diversos refúgios.

Os atacantes, ainda de acordo com as mesmas fontes, estão a destruir diversas infra-estruturas.

O ataque a Quissanga acontece horas depois de um grupo de atacantes, oficialmente desconhecidos, se terem retirado da vila da Mocímboa da Praia, mais a Norte, onde durante cerca de 17 horas literalmente passearam a sua classe.

Mocímboa da Praia fica a cerca de 90 quilómetros a Sul dos megaprojectos de gás natural em construção na região, enquanto Quissanga fica 200 quilómetros a Sul, relativamente mais perto da capital provincial, Pemba.

Desde a madrugada de hoje, parte da população daquela povoação costeira está a fugir de barco e a pé para o arquipélago das Quirimbas, nomeadamente, a ilha do Ibo, a 14 quilómetros, enquanto outras pessoas tentam chegar a Pemba, a menos de 100 quilómetros.

A caminhada a pé para algumas ilhas é possível na maré baixa, por entre o mangal que separa Ibo de Quissanga – e é no meio do mangal que há muita população escondida, segundo um relato, que dá conta de se avistar fumo sobre a vila, indiciando que há infraestruturas a serem incendiadas.

Na fuga precipitada, alguns habitantes perderam contacto com crianças das respectivas famílias durante a fuga para os barcos nesta madrugada.

Há residentes que começaram a abandonar a vila ainda na terça-feira, quando começaram a circular informações segundo as quais se estavam a registar movimentos de homens armados não afectos às Forças de Defesa e Segurança (FDS) do Governo.

A região de Quissanga já tinha sido massacrada por ataques no final de Janeiro, levando à destruição de parte do Instituto Agrário de Bilibiza, gerido pela Fundação Aga Khan.

A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos além de 156.400 pessoas afectadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

A onda de violência que nasceu em comunidades muçulmanas radicalizadas e cujos grupos incluem residentes que até hoje nunca fizeram reivindicações ou apresentaram um líder – salvo comunicados do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.

Em Janeiro, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, referiu que Moçambique vai precisar de apoio de outras organizações para acabar com os ataques armados no Norte.

“Precisamos de comparticipação porque é um problema multinacional, então, a sua solução não vai depender só de Moçambique, mas estamos a trabalhar”, referiu então.

A comunidade internacional tem-se mostrado disposta a ajudar, mas ainda nenhuma forma de cooperação foi concretizada, enquanto a violência continua.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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