Safadice e casmurrice

Safadice e casmurrice: Assumo que vou passear por uma praia que me é iminentemente estranha – desporto –, pelo que se preparem para encontrar um mar de baboseiras, na melhor das hipóteses.

Tudo isto porque não resisto a comentar o que já se apelida de “(não) acontecimento do ano em Moçambique, em termos desportivos”: a partida de futebol entre os veteranos dos “Mambas” e os do Barcelona.

Sei que muito e (quase) tudo já se disse sobre o assunto. Mas…

Mesmo sem nada entender de futebol confesso que gostei do desempenho fabuloso de Conde, o Chiquinho, do ainda impressionante humor desportivo do guarda-redes Kampango, dos dribles de encher o lhos de Jossias e de Faife, entre os nossos.

Do meu “estádio caseiro” na minha “bancada sofá”, a custo zero, com amargo na boca – apesar de que era um “jogo a feijões” – engoli aquele remate de Simão Sabrosa que, contra a corrente da partida, ditou o deslinde do encontro.

Como muitos, desde logo exclui a hipótese de ir ver o jogo ao vivo, não por falta de vontade, mas repelido pela crueldade dos preços que variavam entre os 600 e os 6000 meticais, valores que, pela quantidade de lâminas que já gastei em diversas partes a fazer manutenção do meu corpo, nem me surpreenderam.

Há muito me apercebi [apesar de não me conformar] com a realidade de que, a diversos níveis – de há uns anos a esta parte, a safadice e casmurrice estão no comando em Moçambique, e quase todas as decisões são tomadas por gente que parece viver noutros planetas e em contextos que nada têm a ver com o sofrível vivido pela maioria dos moçambicanos, situação esta causada por poucos, bem conhecidos, mas igualmente protegidos a todo o custo.

Resultado: tomam decisões desmioladas que não se baseiam em nenhuma pesquisa no terreno e, consequentemente, escandalosas, como foi o estado em que se encontrava o Estádio Nacional do Zimpeto naquela tarde/noite de 11 de Novembro de 2017 que devia ser festiva para muitos amantes do futebol mas que se tornou desastrosa e com estatuto de triste memória assegurado para a eternidade da história do nosso desporto.

Parabéns  para os safados e casmurros!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão no dia 17 de Novembro de 2017 na versão PDF do jornal Correio da manhã, na rubrica semanal TIKU 15!

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