Será que um dia as coisas vão mudar?
Todos sabemos que o continente africano é dos mais pobres, e que é inquestionável a riqueza que possui em recursos minerais e naturais, que poderiam torná-lo dos mais ricos. O ponto é que os recursos aqui explorados não beneficiam devidamente a nós, africanos, mas sim aos outros continentes ou países mais desenvolvidos.
Como exemplo, em Moçambique produz-se energia eléctrica através da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, mas nós, moçambicanos, temos acesso a uma energia eléctrica de baixa qualidade e ainda mais cara. Isso acontece também com o gás, petróleo, dentre outros produtos produzidos e extraídos aqui.
Os países desenvolvidos vêm para África, extraem os recursos a seu “belprazer” e usam-nos em seu benefício. Como nós não dispomos de condições suficientes para a transformação total dos recursos minerais a nosso favor são exportados, transformados e depois vendem-nos a um preço questionável.
Há um trecho do Hino Nacional que me vem em mente que diz “Flores brotando do chão do teu suor, pelos montes, pelos rios e pelo mar! Nós juramos por ti ó Moçambique: Nenhum Tirano Nos Irá Escravizar! ”.Diferente do século passado em que a escravatura era na base da força, actualmente somos escravizados silenciosamente em troca de “dinheiro”, isto é, o poder económico.
Somos vítimas em nosso próprio país. Eles vêm, extraem os nossos recursos e deixam-nos com a parte das consequências(ambientais e a pobreza). Mas também questiono-me: por que os africanos correm para aderir aos planos de transição energética sem antes produzirmos uma riqueza básica para o nosso desenvolvimento económico? Sabe-se que o continente africano é dos que menos poluem, mas dos que mais sofrem com as mudanças climáticas, que é consequência dos países já desenvolvidos, que poluem incansavelmente e não vão parar de fazê-lo até conseguirem o desenvolvimento económico que tanto almejam.
Será que este continente será desenvolvido um dia, porque pelo que se observa chineses, franceses, americanos e outros povos têm carta branca para extrair os recursos minerais, que são esgotáveis, e não sei por que motivo as condições mínimas de desenvolvimento que deviam ser dadas às comunidades nas zonas de exploração não lhes são dadas e há pouca transparência na apresentação de informação sobre o comportamento dos investimentos e acções extractivas.
E, verdadeiramente, tenho poucas esperanças de um dia ver a África desenvolvida economicamente, tenho minhas dúvidas. Enquanto os próprios africanos e os estrangeiros forem egoístas, seremos pobres.
Somos facilmente movidos por financiamentos, investimentos que entregamos o bolo todo sem antes olharmos que o poder está nas nossas mãos.
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 09 de Dezembro de 2023, na rubrica de opinião denominada Geração 2000
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