Sucesso que não é sucesso, mas que é sucesso

Sucesso que não é sucesso, mas que é sucesso. É assim que Joaquim Ngomane, Gestor de Saúde adstrito ao Centro de Educação Comunitário (CEC) do Parque Nacional de Gorongosa (PNG) resume os resultados dos esforços que se desenvolvem na zona tampão deste destino turístico situado na província central moçambicana de Sofala, em prol da rapariga e da mulher.

Ngomane diz que nos dias que correm não há registo de casos de menores de idade, pelo menos oficialmente, que dão parto nas unidades sanitárias dos seis distritos localizados nos distritos de Nhamatanda, Cheringoma, Maríngue, Muanza, Dondo e Gorongosa.

“Oficialmente temos taxa zero [de partos de menores de 18 anos de idade], mas sabemos que pode não ser um zero verdadeiro”, admite o gestor, e mais adiante explica:

– “Quando os acompanhantes da menina chegam à unidade sanitária, muitas das vezes dizem que não possuem documentos de identificação da parturiente e declaram uma idade igual ou superior aos 18 anos. Pelo menos isto significa que a mensagem chega e nós estamos numa contínua sensibilização das comunidades para que isso seja ultrapassado”.

Joaquim Ngomane

A sensibilização é realizada por integrantes de brigadas móveis de Agentes Polivalentes Elementares de Saúde (APES) e outros baseados no seio das comunidades.

Estas iniciativas todas são organizadas e patrocinadas pelo PNG e são realizadas em coordenação com o pessoal do Sistema Nacional de Saúde (SNS), de acordo com Ngomane.

“Temos consciência de que há muitos problemas de gravidezes de menores, mas a população mostra que já está consciente relativamente ao assunto, mas por via de hábitos e costumes locais prevalece. Para muitas destas comunidades, depois dos 12 anos de idade entendem que a adolescente já é mulher apta a procriar”, vincou Ngomane, daí o recurso ao eufemismo “sucesso que não é sucesso, mas que é sucesso”.

Partos fora das unidades sanitárias

Mulheres beneficiando de assistência sanitária adequada

Outro ganho dos esforços dos agentes das APES é o registo da taxa zero de partos fora das 23 unidades sanitárias existentes nos seis distritos em alusão, bem como uma extrema redução dos índices de mortalidade materno-infantil nos 16 regulados abrangidos por esta iniciativa.

Hábitos de boa alimentação e cuidados com água para consumo humano são outras vertentes sobre as quais recai o esforço dos agentes das APES.

“Não estamos a falar de falta de rios. Estamos a falar de água segura, potável para o consumo humano. Para nós não é escola se esta não tem água potável. Não é unidade sanitária se não tem água potável”, frisa Joaquim Ngomane.

Meninas de Sofala desfrutando de água potável

Exemplificando, aquele responsável referiu que “a existência da água corrente na escola traz muitos benefícios. Estimula a permanência das alunas na escola. Nas unidades sanitárias as mulheres sentem-se igualmente motivadas a aderir, principalmente quando estão em período menstrual”.

Para tal, o PNG patrocina a construção, numa média de dez a 15 fontes de água potável por ano, no espaço das anteriormente designadas zonas tampão e hoje chamadas nas Zonas de Desenvolvimento Sustentável.

Na componente alimentar o nosso interlocutor se referiu a uma iniciativa ainda em fase piloto – Give directly –, que abrange 5000 famílias na comunidade de Nhampoca em Nhamatada, igualmente na província de Sofala.

Mencionou o programa denominado Cash transfer – transferência de dinheiro via sistemas para o efeito montadas pelas companhias de telefonias móveis, para apoiar as comunidades visadas, num pacote do equivalente a 40 dólares norte-americanos mensais (pouco mais de 2.500 meticais)/família.

Os agentes nas comunidades exploram ao máximo as novas tecnologias e usam telefones móveis para comunicar ao CEC qualquer eventualidade que é prontamente atendida, “incluindo recolher as parturientes, mesmo em locais de difícil acesso”.

No âmbito do reforço das actividades dos APES, m total de 111 bicicletas foram a estes entregues nos distritos de Gorongosa (65), Cheringoma (10), Nhamatanda (23) e Muanza (13), de acordo com uma fonte do PNG.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 04 de Abril de 2023.

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