Televisão, a temos

Televisão – Há semanas passada, naquelas poucas oportunidades de fazer zapping pelos canais televisivos, reconfirmei o que já sabia. Nossa Televisão, pouco ou nada tem a oferecer de atractivo, útil e pertinente. Grande parte do tempo de antena é preenchido por programas que deviam supostamente ser interactivos e de debate, mas os temas são propostas de teses de capítulo único e para se discutir em Trinta Minutos. Aliás, isso quando não é um monólogo do apresentador.

Se partimos para as notícias divulgadas, seja qual for o nome dado ao canal televisivo ou ao bloco noticioso, a oferta é sempre a mesma. Se perdemos Dois/ Três dias de notícias, não “perdemos” informação nenhuma, porque cada bloco repete o que foi dito no anterior. Apenas muda a cara do apresentador.

Se queremos algo informativo devemos ficar presos aos canais que nos trazem notícias de fora, cá dentro, a preocupação é com o mediatismo e não a noticiabilidade da coisa.

Não se justifica que com tantos acontecimentos no país, não vejamos nada no sentido investigativo.

Sabemos dos ataques em Cabo Delgado, ataques na N1, água contaminada em Larde, exames nacionais fraudulentos, roubos e rombos de milhões, corrupção aqui e acolá, etc., etc. Sabemos de sua existência, mas desconhecemos os contornos de tudo isso porque não nos é trazido. Sobre os ataques, basta uma entrevista ao comandante geral, sobre os exames, bastam umas palavrinhas da Senhora ministra, dos roubos e rombos, da corrupção, já ouvimos o “estamos a trabalhar”. Mas cadê o espírito curioso e investigativo?

De tantas notícias que são repetidas vezes sem conta, num caso sério como água contaminada consumida pela população de Larde, não ouvimos sequer a voz dos responsáveis da saúde que pelos vistos sabe do acontecido a pelo menos Seis meses. Será que mais uma vez será desenhado um novo mapa para Moçambique e assim como Cabo Delgado e a zona centro está sendo camufladas, Nampula terá um dos seus distritos mutilados?

Nos filmes que essa mesma televisão oferece, o ministério público aparece em situações como essa de saúde pública. Na nossa realidade eles se limitam as “cercas” do tribunal? A sociedade civil tanto reclama seu lugar e quer fazer ouvir sua voz, será que Larde não tem cordas vocais?

Se recuasse o tempo apenas até Janeiro de 2019 e fosse aos arquivos das nossas televisões, na certa que encontraria matéria para criar programas de debate, para trazer de volta uma informação passada, mas cuja pertinência a mantém noticiável, e encontraria pontos de partida dos ataques, seu desenvolvimento e quiçá sobre prováveis causas. Traria isso ao público, este é o maior interessado em saber sobre sua condição e suas famílias. Não deixaria “nas gavetas” como mais um arquivo morto, que na verdade possui vida e mata por aí. Mata sim, porque a desinformação mata.

No lugar de queimar tempo de antena com pastores fajutos, talvez procurassem saber o porquê de tantos seguidores para essas figuras surreais, que movimentam massas e “massa”. Quem sabe colocam suas crenças nestes, porque não e ninguém os diz que o foco de sua vida devia ser outro. Tal papel, cairia que. Em uma luva a televisão, um dos, senão o maior meio de comunicação de massas.

Mas enquanto nossa televisão não se decide a nos informar, vamos nos desinformando nas redes sociais e quem quer realmente estar informado, se liga a Euro News, que passam notícias cá da terra muito antes das nossas televisões.

Inês Semente 

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