Tempos difíceis por vir!

Tempos difíceis – Podemos imaginar como serão os próximos tempos para o povo moçambicano quando o país começar a exportar o Gás Natural Liquefeito, GNL. Segundo informações relevantes, a exportação do GNL terá o seu início em 2024 e a partir daquele momento, o Estado vai encaixar biliões de dólares norte-americanos que irão fortificar o regime do partido Frelimo e a sentir-se menos dependente das potências estrangeiras que têm condicionado o seu apoio financeiro à abertura democrática.

Com a robustez económico-financeira do Estado que se perspectiva para breve, o partido Frelimo irá escravizar o povo e os recursos naturais – gás natural, petróleo ainda em prospecção, minerais, etc., – servirão para amaldiçoar o povo de Moçambique, como acontece em vários países africanos em que as riquezas nacionais servem para enriquecer as elites do partido governamental e consolidam regimes corruptos, autocráticos e ditatoriais. São raros os exemplos que as riquezas dos países africanos serviram os seus povos e ajudaram a democratizar os sistemas políticos.

De Angola, país com afinidades históricas com Moçambique, passando por Guiné-Equatorial, desaguando na Nigéria e Chade, países exportadores de petróleo e diamantes, chegam-nos péssimas notícias sobre a gestão dos fundos provenientes desses recursos. Nada nos garante que o nosso país venha a tomar um rumo diferente porque a mentalidade dos nossos dirigentes é “vamos comer porque esta é a nossa vez”. Eles comem tudo e não deixam nada, como cantava o trovador luso, Zeca Afonso.

Momento em que o (actual) PR, Filipe Nyusi, procedia à votação no dia 15 deste Outubro

O nosso país não vai ter melhor performance económico-financeiro por possuir recursos naturais e nós gostaríamos de deixar esta visão bem clara para que não tenhamos ilusões. Eles correram para fazer calote das dívidas inconstitucionais a pensar nas mais-valias do gás da Bacia do Rovuma. Eles correram atrás do ovo ainda no cu da galinha, como o povo costuma sentenciar aos espertinhos do partido Frelimo. Muito antes do gás natural pingar, foram a correr para fazer fiado, tendo ficado o dinheiro com eles, julgando que essa dívida inconstitucional, seria paga com os fundos provenientes do gás, porém, a bala saiu-lhes pela culatra. É assim que arruínam a economia nacional esses gatunos.

Ao invés de fazerem um profundo acto de contrição, mostrando ao povo que vêem procedendo mal, fingem que são democratas e enchem as urnas de votos falsos. Roubaram ao povo, mataram e derrubaram a economia nacional, ainda pretendem cavalgar o povo através de falsas eleições embrulhadas em promessas que, antecipadamente, sabem que não vão cumprir. Eles querem mostrar a cara que nunca tiveram.

Pretendem demonstrar ao mundo que continuam no poleiro porque o povo os quer, mas, se isso fosse verdade, eles não precisariam de fechar círculos eleitorais, como as províncias de Inhambane e Gaza, vários distritos de Manica, aos demais concorrentes. Não teriam feito uma escandalosa extrapolação do número de eleitores em Gaza nem teriam privatizado os órgãos eleitorais – STAE e CNE – transformando-os em suas células.

As fraudes eleitorais que são concebidas pelo partido Frelimo são operacionalizadas pelos órgãos eleitorais e pela polícia. Estas eleições não foram livres nem justas muito menos ainda transparentes. Foram, isso sim, das mais injustas e violentas que ocorreram, entre nós, desde que o sistema multipartidário foi adoptado. Foram eleições de vergonha!

Uma das cenas vividas no dia das eleições de 15 de Outubro em plena assembleia de voto

Houve uso abusivo dos meios púbicos por parte do partido Frelimo. O que procuravam os agentes do partido Frelimo quando andavam de casa em casa a recolher números dos cartões de eleitores para fins desconhecidos? Agora, já são conhecidos. Já se sabe para quê queriam os números dos cartões de eleitores. Tanto a Renamo quanto o MDM denunciaram esse novo “recenseamento” que o partido Frelimo fazia, todavia, o STAE e a CNE mantiveram-se suros e mudos. Eles sabiam da jogada que o partido Frelimo estava a preparar.

Tudo aquilo era para a fraude massiva cujo chefe-mor andava a cantar que seria uma goleada de “5-0”. A recusa de credenciar observadores nacionais e estrangeiros deixou estas eleições sem gosto de nenhum, só comparável à comida sem sal feita para doentes terminais. Nenhuma eleição nestas condições pode credibilizar o sistema que se diz democrático. Quando há imposição, deixa de ser democracia. Quando há truques para se manter no poder, estamos perante um sistema corrupto e totalitário. Quando há intimidações até com assassinatos de pessoas de bem, estamos a caminhar, a uma velocidade estonteante, para o fascismo e isso deve deixar preocupados a todos que aspiram ver um sistema democrático, em Moçambique. O povo está cansado do partido Frelimo.

Se mesmo com o boicote económico apertado, o partido Frelimo joga desta maneira, não queremos imaginar como vai agir quando começar a encaixar fundos do gás e, provavelmente, do petróleo! Vai gritar que não precisa de ouvir a ninguém e tentará instalar um sistema multipartidário e ditatorial. Será o fim do povo moçambicano. É urgente que as forças democráticas comecem a agir para impedir que a tragédia que o partido Frelimo está desenhando não se concretize. Isso, agora mesmo, passa pelo não reconhecimento dos resultados destas eleições por terem sido bastante fraudulentas.

À comunidade internacional não basta emitir um “comunicadozinho” de condenação ou de repúdio contra a actuação do partido Frelimo. É preciso agir e com veemência contra a forma como o partido Frelimo se comportou.

Aos partidos nacionais espera-se que repudiem, com firmeza e determinação, os resultados eleitorais e exijam não só uma nova eleição como também um novo recenseamento sob a supervisão das Nações Unidas.  Afastem este cálice de sangue! Não deixem que o partido Frelimo dê de beber fel ao povo! Façamos alguma coisa de modo a impedir que o partido Frelimo empurre o nosso país para hecatombe!

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 24 de Outubro de 2019, na rubrica semanal O MIRADOURO

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