Tributo a uma longa jornada

Tributo a uma longa jornada  – Concordo que a nossa vida é dividida em três períodos o passado, o presente e o futuro e que, o passado é imutável, tal como defende o filosofo grego Séneca.

O meu passado está intimamente ligado à passagem pela SOJORNAL, contribuindo para duas das suas publicações. Foi aí onde forjei-me como profissional, jornalista, crítico e com capacidade de interpretar cabalmente os dados de modo a melhor comunicar.

Tudo começa no longínquo ano de 1997. Como qualquer finalista, sério, procurava um espaço nos órgãos de comunicação social para a prática jornalística. Nessa busca fui acolhido pelo cota Refinaldo Chilengue, um decano do jornalismo moçambicano. Não o conhecia pessoalmente até ao dia em que um colega da Escola de Jornalismo levou-me até ele. Admirei a sua simplicidade. Recebeu-me com um sorriso rasgado em seu amplo gabinete.

Na sua mesa pousavam uma série de publicações moçambicanas e portuguesas que cobriam o tampo da secretária. Uma delas, recordo-me, era a revista Grande Reportagem, com que desde cedo me afeiçoei e passei a lê-la de forma ritualística buscando alguma inspiração.

Mas, confesso, a verdadeira inspiração encontrei na rigorosidade profissional do editor, o Senhor Refinaldo. Com ele aprendi a ser jornalista pois das muitas repetições, entendi que o jornalista não é um simples portador de recados. É um profissional com uma missão, com uma responsabilidade de informar e formar a sociedade. Que os ideais que devem guiar o profissional da comunicação social são, entre outros, a objectividade e a imparcialidade.

Aprendi o suficiente para perceber que o jornalista deve ser capaz de questionar e nunca se cansar de indagar. Deve procurar esclarecimento sobre como é possível gastar mais de 5.000.000,00 MT para a reconstrução de uma latrina escolar. Não só. O jornalista, não se conforma, por exemplo, com o facto de um estadista esconder que testou positivo para o Covid 19 e que está internado no centro de Saúde da Polana Caniço.

Mas, o jornalista também sabe posicionar-se dando crédito a quem merece e, no meu caso, posso, sem receio, dizer que parte do que sou devo a Refinaldo Chilengue e à SOJORNAL.  E, não há dúvidas que mais de 20 anos mais tarde, ao vencer as crises que se abateram sobre o sector da comunicação social, fazendo desaparecer muitas empresas jornalísticas, o facto de a SOJORNAL permanecer firme e ser capaz de reinventar-se, é sinal de determinação, resiliência e compromisso. E, isso deve ser creditado.

Em tudo isto, a minha maior felicidade está em poder fazer parte dessa celebração lembrando, com certa nostalgia, os bons momentos de aprendizagem, e o facto de ter ajudado a construir uma grande marca da comunicação social em Moçambique. De facto, o futuro é bastante risonho para a audaciosa SOJORNAL. (Tributo a uma longa jornada)

Bem haja. 

SÉRGIO MASSINGA *

*    é actualmente Pastor e Advogado. Mestre em Direito da Indústria Extractiva (U. Pretória) e Mestre em Direitos Humanos (UEM). Escreveu este artigo intitulado “Tributo a uma longa jornada” por ocasião da passagem dos 24 anos do jornal Redactor e 14 da revista Prestígio, que se assinala no dia 10 de Fevereiro de 2021

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