Úlceras políticas
Úlceras são feridas que podem ter cura ou não. São feridas para toda a vida, em alguns casos até chegar o dia em que Deus recolherá a alma do paciente. Há várias causas e uma que iremos aqui apresentar é a presença da bactéria Helicobacter pylori (H. pylori).
No nosso território temos úlceras políticas. São pessoas que se estacionam na política fazendo ou não algo para o bem comum. Sendo ou não competentes, o que as importa é a vida que levam. Essas úlceras políticas não querem ouvir conselhos, não estão para o povo e muito menos para os seus camaradas.
Por questões de ética e respeito pelo meu cérebro, não as irei mencionar nominalmente, mas também cada um, só pelo título do texto, pode identificar alguma úlcera na sua cidade, distrito e até mesmo localidade. Há tantas úlceras políticas neste país que acabam sendo o empecilho para o seu desenvolvimento integral.
Há vários tratamentos específicos para cada úlcera. As bacterianas, entraremos com antibióticos para resolver o assunto. E, neste caso, um antibiótico à altura para as úlceras políticas neste país é a revolução popular. Ela (revolução) deve ser estruturada da seguinte forma:
Ao nível dos povoados, em pequenos grupos que chamaríamos de movimentos populares e indo ao nível das localidades, postos administrativos, sedes distritais, sedes provinciais e até ao país como um todo. Os académicos têm uma dívida para com o povo.
Os académicos estudam para o povo. Ou seja, têm um compromisso social e devem exercer a sua função social liderando esses movimentos para mostrar ao povo o caminho a seguir e novas formas de pensamento democrático e comprometimento nacional.
As úlceras, sim, são removíveis. São curáveis, mas, nos casos em que tal não é possível, o membro tende a comprometer o indivíduo, por isso, para dar conforto ao paciente, pode-se amputar o membro em causa. É melhor ter membros a menos e se locomover pessoalmente, que ter membros completos acamado. Há feridas propiciadas pela diabetes que muitas vezes acabam no amputamento do membro em jogo. É triste, mas tem de proceder.
As nossas úlceras políticas são propiciadas pela ganância desmedida. Pelo medo de substituição, pois a mordomia acaba. Os líderes africanos gostam e amam serem venerados e é por isso que não aderem muito à democracia, eles preferem disfarçar para manter as ajudas e internamente estabelecerem outros modelos de governação e um deles é o braço-de-ferro (ditadura).
Os líderes africanos, na sua maioria, sofrem de poder-patologia, uma doença provocada pelo poder e sofrem também de psicopoderpatologia, ou seja, uma doença mental provocada pela necessidade do poder e a intenção de se manter eternamente no poder.
Agora como nunca, cabe aos jovens e adolescentes africanos tomarem as suas decisões. África cada dia está sendo dividida pelos poderosos fora do continente e nós ainda estamos num sono profundo que nos levará ao arrependimento futuramente.
Acabando as riquezas da África, o único país que acomodará muitos africanos não será mais a França, mas o Brasil, pois lá, daqui a pouco, será uma extensão da África pelo número de negros que o país está tendo. Brevemente será um país negro.
As úlceras são, sim, removíveis e nós somos os antibióticos certos para isso. Os jornalistas, académicos e religiosos são chamados de mãos dadas a lutarem pelo desbridamento das bordas necrosadas das feridas.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado intitulado “Solidariedade social” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 18 de Janeiro de 2024, na rubrica OPINIÃO.
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