Vem aí a festa!
Vem aí a festa! – As destruições de infraestruturas, tais como habitações, unidades hospitalares, escolas machambas e outros bens pelo do ciclone IDAI e de tantas outras calamidades, sejam por excesso de chuva, seja por falta dela, tem sido, de forma recorrente, uma oportunidade para haver desvios de produtos e fundos doados tanto pela comunidade internacional como entidades nacionais e singulares para minorar os efeitos de fundos destinados a minorar o seu impacto.
Um ciclone do tamanho do IDAI é uma oportunidade ímpar para o enriquecimento ilícito de “camaradas” que estão à frente da coordenação, recepção, distribuição dos donativos que acabam se distribuindo entre eles, deixando os necessitados a chuchar o dedo. Por isso, é importante que os donativos sejam entregues a uma entidade credível, sem histórico de corrupção, porque, de outro modo, os doadores estariam a alimentar os insaciáveis crocodilos que se enriquecem sem causa. O INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades – tem o seu nome jogado na lama. Colocar donativos nas mãos do INGC equivale desvalorizar o esforço dos que contribuem para ajudar o povo.
O país, nas actuais condições de corrupção generalizada, não tem estrutura moral para receber as doações e fazê-las chegar a quem, de facto, necessita de ajuda.
A corrupção e o roubo fazem parte intrínseca da governação e do funcionamento da máquina administrativa do Estado. Isso é, de modo geral, indesmentível, até porque um alto quadro do governo – O ministro Celso Correia –, disse que sempre que se executa uma missão de Estado “a comissão não falha”. Este é um importante aviso de como as coisas funcionam entre os camaradas.
As pessoas de boa vontade, pessoas colectivas e a comunidade internacional devem-se acautelar de que o seu gesto de humanismo não é para enriquecer bandidos e corruptos. O seu gesto deve visar salvar vidas humanas e atenuar o sofrimento das populações despojadas dos seus bens por fenómenos da Natureza. O sacrifício de povos amigos que não sejam a fonte de enriquecimento ilícito das entidades governamentais do nosso país. Deve ser respeitado o esforço dos povos que ajudam o povo moçambicano e a melhor maneira é evitar que os produtos e fundos caiam nas mãos de pessoas desonestas.
O partido Frelimo tem vindo a fazer misturas entre as necessidades de alimentar os deslocados com rivalidades políticas. Neste momento, assistimos uma clara discriminação do Município da Beira, atingida pelo ciclone IDAI, apesar de ter a maior parte da população fustigada por este fenómeno. O governo tem recebido apoio multiforme, entre produtos alimentares, material de construção e fundos, porém, ainda não deu nada à Beira, nem sequer uma agulha, uma caixa de fosforo, nem mesmo um litro de diesel para abastecer as viaturas empenhadas na remoção do lixo provocado pelo ciclone. O governo parece ter dito à Beira para se virar como puderem.
Juntamos a nossa voz àqueles que clamam que o INGC não é nenhuma entidade recomendável para gerir os apoios que chegam a Moçambique para as vítimas das calamidades. O apoio directo ou a escolha de uma entidade isenta de suspeitas de corrupção seria bom porque garante que os produtos chegam aos necessitados. Os apoios que chegam de pessoas de boa vontade e de povos amigos não podem alimentar os corruptos.
É urgente encontrar um outro caminho. Não se deve confiar em pessoas que foram aos bancos e instituições financeiras para, em nome do povo moçambicano, sacar 2.256.500 mil dólares e jogar a sua dívida para o Estado moçambicano!
Em ladrões não se deve nunca confiar! Para evitar a gatunagem, apelamos para que se faça apoio directo às vítimas, sem passar pelas mãos de ladrões.
EDWIN HOUNNOU
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 28 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO
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