VIP’s, covid & tabus
VIP’s, covid & tabus – Perto de uma dúzia daquilo que em Inglês chamam de Very Important Persons (VIP’s), que em tradução livre para Português diríamos Pessoas Muito Importantes, já foram dadas como infectadas pelo novo coronavirus (covid-19), na vizinha República da África do Sul.
No Lesotho, na Inglaterra, no Brasil e nos Estados Unidos da América, idem, apenas para citar alguns exemplos, poucos, mas elucidativos.
Aqui na vizinha África do Sul, com relativa transparência, foi revelado oficialmente que pelo menos dois ministros, três governadores provinciais, alguns quadros superiores dos respectivos executivos e um graduado da polícia tinham contraído o vírus que está a abalar o mundo.
Na semana passada foi, igualmente, admitido pelo respectivo filho (Zondwa), que Zindzi Mandela (Correio da manhã Nº 5860, pág. 3) morreu vítima de corona.
Impressionante é que, cá, entre nós, salvo raríssimas excepções, admitir que uma determinada figura pública – como gostam de ser apelidados – foi contaminada com Covid-19, é tabu.
Temos conhecimento de alguns VIP’s (incluindo diplomatas) e ilustres anónimos moçambicanos que dentro e fora de Moçambique já foram atingidos e/ou sucumbiram (Cm Nº 5855, pág. 4) perante o vírus que está a reduzir-nos à nossa insignificância nesta imensidão do cosmos, mas tudo anda no segredo dos deuses, como se ficar doente fosse crime.
De resto, a covid-19 não escolhe grau social, cor partidária, religiosa ou de outro tipo, simplesmente ataca, de forma assintomático, sintomático e/ou até fatalmente, deixando mais que claro que mais uma estúpida contingência natural como um vírus ou um asteróide pode acabar com tudo e todos.
A bem da saúde pública e da consciencialização do cidadão comum, os nossos VIP’s que contraírem a covid-19 deviam fazer disso uma oportunidade para dar algum ar de relevância, bom tom e utilidade social, nos brindando com uma atitude de activistas sociais desinteressados (materialmente), assumindo que foram atingidos e depois de recuperar, também fazer disso “arma de arremesso” em termos de educação cívica.
Porventura a nossa vida não tem sentido e somos todos extremamente vulneráveis. A única certeza que temos é que somos “um ser para a morte” como afirrmava Martin
Heidegger.
Digo isto porque que creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará nesta pandemia e permanecerá, eternamente.
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 24 de Julho de 2020, na rubrica semanal TIKU 15
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