Zimbabueanos: paciência

Zimbabueanos – Os zimbabueanos estão a perder paciência com o prolongamento da crise económica que assola o país desde meados da década de 2000 e acusam seus dirigentes da falta de sensibilidade humana e vontade política para recolocar o país nos carris do comboio de prosperidade económica e social.

A destituição do idoso presidente Robert Mugabe em final de 2017, que pós fim a cerca de quatro décadas da sua governação, parecia balão de oxigénio para a maioria da população.

Mas cerca de dois anos depois, a situação parece pior do que no tempo de Mugabe. A oposição não tem dúvidas – diz que está pior.

O fornecimento de energia eléctrica é feito a conta gotas.

O governo reintroduziu a moeda nacional, uma década depois da suspensão da sua circulação, mas o seu valor cambial é fraco.

A fome ameaça mais de cinco milhões de pessoas num país que já foi celeiro da região da África Austral. O país não tem divisas para pagar importações. Há falta de combustível, num país do interior sem acesso ao mar onde tudo o que entra ou sai depende de transporte rodoviário. O sistema ferroviário está obsoleto e sem segurança. A vida está difícil no Zimbabwe.

Centenas de milhares de zimbabueanos vivem como refugiados económicos na África do Sul, enfrentando todo o tipo de xenofobia.

Segundo o canal privado de televisão sul-africana eNCA, pelo menos 10 cidadãos zimbabueanos morrem por mês vítimas de doenças em condições precárias na África do Sul.

Cerca de 100 pessoas foram detidas semana passada em Harare durante manifestações de protesto contra a deterioração das condições de vida e por extensão contra políticas de governação que provocaram o colapso da economia e a extrema pobreza.

O colapso do Zimbabwe provoca temor na África do Sul em processo de debates sobre a expropriação da terra sem compensação.

Analistas consideram que a reforma agrária liderada pelo governo de Mugabe empurrou o país para um precipício.

A posse da terra não é a chave para a prosperidade da população.

Em Moçambique, a terra pertence ao Estado ou a quem a trabalha desde a independência nacional proclamada em Junho de 1975.

Mas o país depende largamente de importações de comida sobretudo produtos frescos da África do Sul. O arroz vem da Ásia.

A África do Sul está saturada com o fluxo de jovens do Zimbabwe, Moçambique, Lesotho, Malawi e da República Democrática do Congo que procuram oportunidades inexistentes nos seus respectivos países.

A coesão da irmandade africana está sob exame de resistência nas comunidades sul-africanas.

Ao que tudo indica, os líderes da região esgotaram ideias praticáveis para retirarem os seus países do descalabro económico e social em que se encontram.

No norte do continente, jovens morrem mensalmente tentando atravessar o Mediterrâneo à procura de melhores condições na Europa, 50 anos depois de África proclamar-se independente.

É uma vergonha.

THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 21 de Agosto de 2019, na rubrica semanal denominada O RANCOR DO POBRE

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