Reflectindo sobre a Educação em Moçambique

As revelações tornadas públicas de um trabalho de investigação por iniciativa de profissionais do Grupo Soico sobre práticas indecentes na produção da informação pedagógica periódica nas escolas públicas a nível da cidade de Maputo foram a motivação para a reflexão que se segue.

Simplesmente chocante!

Inconformado com a notícia, fui ao encontro de alguns professores que ocupam lugares de destaque na gestão escolar para colher algum subsídio sobre o relatado. Fiquei a saber que são práticas susceptíveis de ocorrer, mas não institucionalizadas, não têm um comando superior; surgem por iniciativa de cada escola, motivadas por algo que a escola pretende esconder no quadro do seu funcionamento interno.

Isso leva-me a questionar: afinal de contas, quais foram as principais linhas orientadoras da recente Reflexão Nacional sobre a Educação em Moçambique?

Foi apresentado um rol de prováveis problemas, mas não acompanhei as propostas de solução?

Pareceu-me que a estratégia adoptada para este evento não foi das melhores porque me pareceu ter havido a tendência de elitizar a participação, dando prioridade aos antigos dirigentes do sector e outros protagonistas de topo.

Para mim, salvo melhor entendimento, em Moçambique a História da Educação não se conta sem a presença massiva da Geração 8 de Março. Professores formados a partir de 8 de Março de 1977 até finais da década 80 em todos os subsistemas de formação de professores.

Diz um velho ditado que quando a gente perde o caminho certo numa ramificação, não procuremos corta-matos para acertar, precisamos é de recuar até a ramificação e retomar o caminho certo.

Aceitemos que perdemos a direcção certa no nosso processo de Educação e temos de correr atrás do prejuízo, retomando as práticas tradicionais do sector que abaixo se seguem:

Redesenhar os subsistemas de Educação

1. Subsistema do Ensino Geral (6 + 3 + 2), 11 classes

 Ensino Primário, 6 classes com exame na 6.ª classe
 Ensino Secundário, 3 classes (7.ª-9.ª) com exame na 9.ª, separar Letras e Ciências para efeitos de aprovação.
 Ensino Pré-Universitário, 2 classes (10.ª e 11.ª) com exame na 9.ª. Separar Letras e Ciências para efeitos de aprovação. Abolir o conceito de grupos. Todo o mundo faz tudo, Letras e Ciências.

2. Subsistema do Ensino Técnico-Profissional

Reintrodução das escolas técnicas elementares

Escola de artes e ofícios – nível de ingresso, 6.ª Classe, duração um ano

Escola elementar de agricultura –  nível de ingresso, 6.ª Classe, duração um ano

3. Reintrodução das escolas técnicas básicas

Escola comercial – nível de ingresso, 6.ª classe, duração três anos

Escola industrial – nível de ingresso, 6.ª classe, duração três anos

Escola básica agrária – nível de ingresso, 6.ª classe, duração três anos

Escola básica de Geologia e Minas – nível de ingresso, 6.ª classe, duração três anos

4. Reintrodução dos institutos técnicos médios, no modelo anterior

Instituto comercial – requisito de ingresso: escola comercial, duração três anos

Instituto industrial – requisito de ingresso: escola industrial, duração três anos

Instituto Agrário – requisito de ingresso: escola básica agrária, duração três anos

Instituto de Geologia e Minas – requisito de ingresso: Escola Básica de Geologia e Minas, duração três anos

Notas: 

1. Descontinuar os institutos superiores técnicos

2. O graduado de um instituto já é um profissional qualificado para a demanda do mercado e um engenheiro médio.

3. Nos institutos técnicos médios não devem ser recebidos estudantes do Ensino Secundário Geral, independentemente do nível.

Pela mesma linha, faz-se o redesenho dos subsistemas de formação de professores, onde as instituições vocacionadas se dediquem mesmo à formação de professores e não introduzir outros cursos que não têm nada que ver com a sua vocação.

Não sou favorável que uma instituição de formação de professores forme engenheiros, médicos, economistas, etc., etc..  Deve centrar-se na formação de professores, instrutores e técnicos de planificação escolar, incluindo inspectores escolares (administrativos e pedagógicos).

Volto em breve com uma reflexão sobre modernização do ensino

Nunca é tarde. Tudo treina-se!

MESSIAS MAHUMANE  *

*   Técnico pedagógico N1

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 27 de Setembro de 2023, na rubrica de opinião intitulada Nunca é tarde!

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