O caçador de marimbondos
JLo – A sua indicação a candidato do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para as eleições de 2017 causou elevado cepticismo em muitos círculos oposicionistas angolanos e muito cepticismo noutros países, incluindo Moçambique.
É óbvio que “todo o mundo” já se apercebeu que estou a falar do general João Manuel Gonçalves Lourenço, também tratado por JLo.
Por cá chegou e rapidamente cultivou profunda fúria, quando, por alturas da sua pré-campanha, escalou Moçambique e em algum momento falou de “malandros”, numa aparente alusão aos partidos da oposição locais e de Angola.
Em Angola, JLo era visto pela oposição, com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) à testa, como simples marionete do engenheiro José Eduardo dos Santos (Zé Du), ideia amiúde rejeitada pelo visado.
Com o seu discurso e algumas práticas, se bem que estas muito sorrateiras, JLo foi deixando evidências de que os que o consideravam fantoche de José Eduardo dos Santos estavam bestialmente equivocados.
Quem, como eu, teve o privilégio de acompanhar, no terreno, pelo menos parte da campanha eleitoral para as eleições de 2017 em Angola, facilmente foi vislumbrando algum desconforto prevalecente entre o aparentemente tímido JLo e Zé Du, quando ambos faziam aparições públicas juntos.
O lema da campanha eleitoral de JLo (corrigir o que está errado e melhorar o que está bem) já mostrava algum sinal de ruptura com a governação de Zé Du. JLo nunca falou de “continuidade”), pontificando a batalha contra a corrupção e impunidade, nos seus discursos de caça ao voto e a prática que se assiste…
Como o disse há duas semanas, numa entrevista a um semanário luso, depois das eleições o momento de transmissão das pastas de Zé Du para JLo terá sido altamente inquinado, breve e nada amistoso, quadro agora agravado pelas trocas de acusações em público entre os dois políticos, ambos membros destacados do MPLA.
A postura governativa de JLo não apenas surpreende alguns “camaradas” do “M”, como literalmente vai tirando o “tapete” dos pés da oposição, designadamente da UNITA.
O “Galo Negro” denota algum desnorte político com a postura de JLo de tal sorte que paulatinamente fica sem “cavalo de batalha”, ao ponto de o próprio sucessor do Doutor Jonas Malheiro Savimbi, o dr. Isaías Samakuva, para muitos tido como “politicamente frouxo”, evitar, até, responder a algumas questões da media, incluindo ao nosso Correio da manhã, quando convidado a fazê-lo.
Pela prática quotidiana, hoje por hoje, JLo tem muitos admiradores em Angola e em Moçambique, mesmo em meios oposicionistas, de tal sorte que a avaliar pelo ritmo da marcha das “carruagens” sou tentado a acreditar que, a se realizarem eleições gerais hoje em Angola, JLo ganharia folgadamente, sem, inclusive, necessitar de alguma engenharia eleitoral ou outro tipo de falcatruas vistas noutras paragens…
Mesmo sem me basear numa pesquisa científica me arrisco e acreditar que JLo iria buscar muitos votos de indecisos e, até, de alguns membros da oposição, havendo, no entanto, o risco de, de alguns elementos de determinadas famílias do “M”, das quatro hipóteses optar por uma: votar contra a lista encabeçada pelo general/historiador, inutilizar o boletim de voto, votar em branco ou, simplesmente, ficar em casa.
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 30 de Novembro de 2018 na rubrica semanal TIKU 15!
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