Katunguireni em lágrimas
A aldeia de Katunguireni localiza-se a 35 km a norte do Distrito de Guro, para quem se dirige a Tete e dista cerca de sete km da Estrada Nacional Chimoio – Tete. É habitada por cerca de 900 almas, entre crianças, adultos e idosos. A sua gente vive, essencialmente, de agricultura de sequeiro, pois é uma terra árida. Em época de seca, dos rios só restam areia solta com pequenos charcos de água disputada por humanos, répteis, entre o gado bovino e caprino.
Em Katunguireni há muitos pobres – comem mal e vestem-se mal. Dizem que não receberam o apoio quando foram fustigados pelo ciclone DAI. Os donativos para socorrer às vítimas do ciclone foram escondidos para outros momentos mais interessantes da via política. Não chegaram aos necessitados porque foram guardados para a campanha eleitoral. Agora aparecem na campanha do partido Frelimo para atrair audiência dos mais distraídos e famintos. Isso deixa a gente muito triste e revoltada pela forma maquiavélica de fazer política do partido no poder.
Quem anda pelas províncias sabe muito bem do que estamos a falar. Em Estado de Direito e Democrático, o partido governamental já teria sido processado e julgado pelo que anda a fazer contra o povo. Não seria necessário esperar pelas eleições para que o partido Frelimo fosse desactivada devido à maneira como faz a sua política. Teve a coragem de deixar o povo sofrer a fome para usar a comida doada como isca para atrair eleitores, denunciaram.
A gente de Katunguireni diz ter visto e sofrido na pele os desmandos cometidos pelo partido no poder ao não ter feito chegar alimentos aos que mais necessitavam. A comunidade deu esses mantimentos que hoje servem para tornar a campanha do partido governamental mais interessante e mais atraente. Isso é contra todos os princípios de humanismo e da boa governação que se pretende implantar.
Em Katunguireni não há vias de comunicação. A gente anda por trilhos. Não tem água potável. Os raros poços de agua existentes são disputados por homens e animais tais gados bovino, caprino e répteis. Os emissários do partido Frelimo quando escalam a zona só sabem fazer promessas e pedir votos e depois desaparecem. Voltam passados cinco longos anos com as mesmas promessas bonitas, porém, ocas e falsas. Eles não cumprem o que andam a prometer, acusam os katunguirenses. O mais importante, para eles, são os nossos votos e não nós – a nossa paciência, tolerância e, acima de tudo, a votando em gente que nos desgraçam e nos fecham o futuro.
Prometem-nos escolas melhoradas, centros de saúde com medicamentos e pessoal qualificado, estradas praticáveis. Dizem que vão criar empresas para termos postos de trabalho, porém, sabemos que estão a mentir. Passam o tempo todo a nos mentir e pensam que nós somos imbecis que se deixam aldrabar por meia dúzia de mentiras embrulhadas em sacolas de açúcar. Estamos conscientes do que se passa e não nos deixaremos vender por uma capulana, um boné e uma t-shirt.
O nosso voto será uma arma de arremesso contra os que impedem o desenvolvimento do país e jogam o povo na sarjeta, desabafa, cansada, a gente de Katunguireni. Um partido que está no poder há mais de 44 anos, mas não consegue o básico para os seus cidadãos, como água potável, escolas com carteiras, ensino de qualidade, estradas, não se pode dar ao luxo de falar de postos de trabalho porque estará a mentir com todos os dentes que tem na boca. O emprego, seja industrial, agrícola ou assalariado é o mais difícil de construir. Eles prometem emprego quando chegam as eleições, esquecendo-se de que foram eles mesmo que arruinaram as empresas.
Um partido que sustenta um governo de parasitas, caloteiros e ladrões não deve orgulhar os seus membros mais sérios, trabalhadores e honestos. Existe gente honesta e habilidosa, na Frelimo. Conhecemo-los e podemos chamá-los pelos seus próprios nomes. Conhecemos quem são os corruptos, bandidos e assassinos. Sabemos quem são os patrões dos esquadrões da morte, aqueles que andavam a raptar e matar os opositores do regime ou suspeitos que pensavam de modo diferente.
Um partido que trucidou milhares de postos de trabalho, levou à falência várias centenas de empresas robustas, produtivas e colocou o país numa dependência alimentar em que a carne, feijões, a batata, laranja vêem de fora, é falta de seriedade falar que vai alavancar a economia nacional. Um partido que jogou o país no ostracismo aparece, em campanha, a prometer fundos e mundos, pode-se concluir, com facilidade, de que se trata de uma grande burla. É mesmo pensar que o povo seja uma criança grande que se deixa levar por uma cantiga qualquer.
O povo conhece quem lhe provoca dor. O povo sabe quem fez o calote, pegou na mola para si e aparece a dizer que se trata de dívida de todos os moçambicanos. Sabe quem jogou o povo no poço da miséria. Quer dizer, eles comem e o povo paga a factura. A esses tipos devem ser castigo nas urnas.
O voto, em democracia, serve para afastar os corruptos e premiar os bons. O voto não é para consolidar o poder dos corruptos, assassinos e caloteiros. O voto consciente é uma poderosa arma de destruição em massa. Usemo-lo para alavancar o nosso país!
EDWIN HOUNNOU
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 03 de Outubro de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO
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