Chilingutila: respeito
Chilingutila – Contrariamente ao que acontece com a maioria dos políticos, os militares se têm caracterizado por respeito e consideração recíprocos, mesmo quando entrincheirados em redutos opostos.
Esta postura está, uma vez mais, a ser evidenciada em Angola, depois da morte, numa clínica no Huambo, no domingo (24Jan2021), de um destacado antigo militar das FALA, o extinto braço armado da UNITA, Demóstenes Amós Chilingutila, aos 73 anos de idade.
Uma das mensagens mais emotivas a que o jornal Redactor teve acesso é da autoria de Francisco Higino Lopes Carneiro, alto graduado (general) das extintas FAPLA (antigo braço militar do MPLA), que manifesta a sua “consternação” e “dor para a família castrense” angolana na sequência da morte de Chilingutila.
“Foi um companheiro de armas exemplar e determinado no cumprimento das disposições politicamente aprovadas para o efeito”, refere Higino Carneiro, recordando “com saudade” do primeiro encontro oficial entre ambos, em 15 de Maio de 1991, para tratar da implementação dos acordos de cessação das hostilidades militares entre as FAPLA e as FALA, no Moxico.
Também o comandante da Região Militar Centro (RMC) considerou, “trágica e inesperada” a notícia da morte do antigo vice-ministro da Defesa, ex-deputado e general na reforma Demóstenes Amós Chilingutila, natural do Bié.
“Angola perde um grande filho que ainda tinha muito a dar no processo de desenvolvimento social e de reconstrução nacional”, lamentou, Dinis Segunda Lucama.
Este tenente-general das Forças Armadas de Angola (FAA) classificou Chilingutila como “um grande homem e pessoa de trato fácil”, enfatizando que “a sua partida prematura, deixa-nos chocados”.
“Durante os anos de convivência castrense e social, sempre demonstrou uma inteligência invulgar e inspiradora para a nova geração de militares e homens”, lembrou o tenente-general Lucama.
Generoso nos epítetos, o comandante da Região Militar Centro destacou que o general Demóstenes Chilingutila era bastante inteligente e de uma qualidade humana invulgar. “Angola perdeu um grande filho”, assegurando que a nível do Estado-Maior General das FAA estão a ser criadas condições logísticas para um funeral com todas as honras militares, salientando que a actual pandemia da Covid-19 inviabilizará algumas homenagens.
Causas da morte
O presidente da Bancada Parlamentar da UNITA revelou que a morte do general na reforma Chilingutila foi provocada por um enfarte agudo do miocárdio.
Liberty Chiyaka disse que o general tinha chegado sábado à província do Huambo, proveniente da sua terra natal, onde participou do funeral do deputado e secretário provincial da UNITA, Adérito Kandambo, que faleceu no passado dia 18 de Janeiro, vítima de doença.
“Sentiu-se mal e foi levado para clínica, acabando por falecer”, disse.
O deputado também considera “uma perda irreparável” a morte de Chilingutila, sublinhando que “o partido perde um membro incansável, reconciliador, determinado, rigoroso e corajoso, numa altura que se adivinham grandes desafios políticos”.
UNITA lamenta
A UNITA, por intermédio do porta-voz do maior partido da oposição, Marcial Dachala, considerou uma “perda irreparável” para o partido e para o país a morte súbita do general na reforma Demóstenes Chilingutila que aderiu ao movimento em 1974, depois de ter feito tropa no exército colonial, onde atingiu a patente de furriel.
Em nota de condolências cuja c[opia está em poder do Redactor, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, recordou que Demóstenes Chilingutila – em duas ocasiões, chefe do Estado-Maior das extintas FALA – foi membro da Comissão Política e do Conselho Presidencial do partido, tendo endereçado “sentimentos de pesar à família enlutada”.
No âmbito do processo de reconciliação nacional, foi vice-ministro da Defesa Nacional e uma das figuras de proa na constituição das FAA.
O general na reforma foi membro do Comité Central da UNITA e deputado à Assembleia Nacional. Nos últimos tempos, Demóstenes Chilingutila ocupava a função de conselheiro da presidência da UNITA.
Redactor