A mentira é um prato quente

Durante anos e anos estudámos a história do país de diferentes formas. Talvez isso pode-se traduzir pela riqueza cultural, intelectual, linguística que temos em Moçambique. 

Cada geração tem as datas de nascimento diferentes dos seus dirigentes. Cada época tem os seus mentirosos e cada ano tem uma versão diferente dos acontecimentos. Se não nos driblam nos informes anuais, “matrecam-nos” nos livros escolares. Não temos por onde fugir. Manifestam o desejo de uma errata, só que essa errata é o silêncio deles impregnado nos seus lábios como batom vermelho.

As universidades são um depósito de anti-ciência. As escolas um autêntico local ou cemitério de futuros de milhares de crianças. As escolinhas espaço único de repouso de crianças e um estágio de consolidação das babás baterem nas crianças. 

Como já vínhamos dizendo desde o ano passado num artigo de opinião por aqui redigido, que um país cujos dirigentes abraçam a mentira, o nepotismo, o amiguismo, entre outros meios para se alcançar o poder, esse país está condenado à estagnação.

Agora não é mal ver crianças mentindo. Isso é uma herança. 

Mentem que os salários estão sendo pagos e na verdade não se paga nada. Mentem que o décimo terceiro já está pago, enquanto não passa de um filme de ficção. Mentem que horas extras dos professores já estão inflamando as contas, mas não passa de uma encenação. Ou seja, a mentira virou moda e um factor determinante para se entreter o povo. E o povo já não confia nos seus dirigentes. 

E não param por aí, inventam que o kota Chissano nasceu em 1969 e partiu para Portugal em 1960. Estão a usar a contagem regressiva? Antes de Cristo? As mentiras do nosso povo!

Será que o país precisa de uma intervenção urgente? Enquanto os estudantes fazem vigílias de notas nas universidades, os moçambicanos estão sempre com mentes atortuadas em busca de melhores informações para saber o país em que vivem ou nasceram. É uma corrida em que mesmo a Lurdes Mutola não ganharia.

A mentira é um prato quente e tudo se faz correndo. Vemos resultados eleitorais sendo engravidados em microfones das televisões. Comunicados de imprensa paridos nas telas e todos eles com teores equivocados e anti-humano. Agora a mentira é legalizada e ninguém pode se sentir mal. Se começaram a atacar os mais avolumados em termos de poder, quem é você para ser respeitado?

Se isto é um país ou quarto de alguém, ninguém sabe. As decisões são tomadas arbitrariamente. De tantas mentiras, desvios de fundos, sequestros, assassinatos e perseguições, algum dia seremos removidos, banidos, punidos, na arena internacional. Somos uma nação despreparada e incoerente.

Não sei como as próximas gerações viverão. Uma coisa sei, estão infestadas de tudo o que é mal. Aprenderam que o poder se arranca. O povo não decide nada. Que o partido é maior que o estado. Que as coisas acontecem conforme a vontade do governo. Que o povo não tem nenhum direito. Que tudo o partido decide e determina. Que entre a vida e o partido, melhor o partido. 

Este país se não está podre, está a caminho da podridão. E se a nossa vontade for a de resgatar, vamos a isso. Todos unidos e decididos, chegaremos ao sucesso. Assim, a mentira deve ser combatida para que não seja uma úlcera para nós moçambicanos. Somos um povo do bem deixando aqueles ali. Aqueles mesmo!

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado intitulado “Solidariedade social” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 30 de Janeiro de 2024, na rubrica OPINIÃO.

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