Alunos limpam escolas

Alunos limpam escolas  – Há três semanas visitei a zona de Nhahushua, interior do distrito de Massinga, onde nasci e cresci. Semana passada falei sobre o motivo da minha viagem a Massinga – participar numa Mhamba.

Entretanto, com sangue ou veia jornalística no corpo e no coração, vi muitas coisas de interesse ao longo da estrada, desde Maputo até Nhahushua, e uma delas que me impressionou foi ver crianças de escola com enxadas, vassouras e pás em punho, limpando capim e outro tipo de lixo nos seus estabelecimentos de ensino.

O envolvimento de crianças de escola na limpeza dos seus estabelecimentos de ensino faz parte de vivências de outro tempo em que alunos sem montanhas de direitos democráticos nos seus pequenos corações praticavam actividades agrícolas em finais de semana nas suas respectivas escolas, varrendo, construindo latrinas e ajudando os pais a construírem novas salas de aula com material local, sem qualquer apoio do governo distrital, provincial ou central.

Fiz parte desse movimento glorioso de envolvimento em trabalhos manuais nas escolas por onde passei até Maputo.

Entretanto, na viagem a Massinga não consegui perceber o motivo das actividades de limpeza serem realizadas no meio da semana.

Nas vivências de outro tempo tudo era feito nos sábados, a partir das 08H00 da manhã, até cerca das 12H00.

Ventos ou tempestades de democracia de preguiçosos quase sempre partiram de centros urbanos ou cidades, onde escolas têm serventes ou pessoas que fazem limpeza no recinto de estabelecimento, salas de aula e arrumam tudo.

A abertura do novo ano lectivo 2022 foi marcada por alguns comentários sobre falta de limpeza em algumas escolas e pagamento para guardas.

Escolas nas zonas rurais não usam serventes para limparem capim ou varrer salas de aula. São os próprios alunos que fazem esse trabalho sem cobrar dinheiro ao Estado.

Em 2017, uma criança morreu numa latrina algures na província sul-africana do Limpopo que partilha fronteira com Moçambique.

O incidente provocou grande barulho na sociedade, exigindo a cabeça da Ministra da Educação Básica, Matsie Angelina Motshekga.

Para sul-africanos, é uma aberração em plena quarta revolução industrial dominada por novas tecnologias haver escolas onde crianças ainda usam latrinas da idade da pedra.

A perda de vida humana é triste e lamentável em qualquer sociedade que valoriza a vida.

No entanto, em Moçambique, os elevados índices de pobreza, egoísmo e espírito de acumulação rápida de riqueza ilícita, a vida humana tornou-se menos valorizada por governantes.

A criação de condições higiénicas nas escolas imposta pelas medidas de prevenção da pandemia de COVID-19 criou oportunidade para abastecimento de água reabilitação ou construção de casas de banho. Por outro lado, acumuladores de riqueza ilícita aproveitaram drenar rios de dinheiro para seus bolsos, de tal maneira que o alarme tocou nos escritórios do Fundo Monetário Internacional, em Washington, levando-o a solicitar auditoria para apurar como foi cada dólar ou metical da comunidade internacional. (Alunos limpam escolas)

SIMIAO PONGUANE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 13 de Abril de 2022, na rubrica semanal do jornalista senior SIMIÃO PONGUANE, denominada VIVÊNCIAS DE OUTRO TEMPO.

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