Araújo regressa à RENAMO

Corolário de um “namoro secreto” com a liderança da RENAMO visando o seu retorno a este partido, que começou a ser ventilado em alguns círculos restritos desde meados de 2015, o actual Presidente do Município de Quelimane, Manuel de Araújo, foi  formalmente apresentado, hoje, como membro desta organização e seu cabeça-de-lista nesta cidade para as eleições autárquicas de 10 de Outubro.

Esta quinta-feira Manuel de Araújo colocou nas redes sociais o conteúdo de uma carta dirigida ao presidente do partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Mbepo Simango, dando conta da sua decisão de se desvincular do partido que tem no galo como seu símbolo.

Na carta, cujas cópias foram ainda remetidas a oito entidades do MDM, Manuel de Araújo alega como motivo da sua saída da terceira força política mais importante de Moçambique “os últimos acontecimentos na Assembleia Municipal de Quelimane, aliados aos pronunciamentos de quadros do partido a vários níveis sobre a situação sombria que afecta ao partido”

Membros e simpatiuzantes da RENAMO festejando em Quelimane o regresso de Manuel de Aráujo
Membros e simpatiuzantes da RENAMO festejando em Quelimane o regresso de Manuel de Aráujo

Aparentemente, De Araújo estará a se referir ao posicionamento de alguns quadros superiores do MDM, nesta terça-feira, em Quelimane, durante uma sessão da Assembleia Municipal.

No decurso desta reunião, dizem fontes de Quelimane, terão surgido divergências cavadas entre Manuel de Araújo e o Presidente da Assembleia Municipal, Domingos Albuquerque, em torno do esforço de edil para atribuir o nome de Mahamudo Amurane à biblioteca Municipal, erguida recentemente.

Antigo Presidente do Município de Nampula, norte de Moçambique, eleito sob a bandeira do MDM, Amurane foi barbaramente assassinado no dia 04 de Outubro de 2017, oficialmente por desconhecidos, à luz do dia, na sua residência, nesta cidade, numa altura em que andava de candeias às avessas com a liderança do partido do “galo”.

A carta de Manuel de Araújo foi remetida com conhecimento do Presidente do Conselho Nacional, Secretário-Geral do Partido, Delegado Político Provincial, Delegado Político da Cidade de Quelimane, Presidente do Conselho da Cidade, Presidente do Conselho Provincial, Presidente do Conselho Jurisdicional e Chefe do Departamento de Poder Local, terminando com votos de “longa vida na esperança de que atinja os objectivos e ideais em que acredita e para os quais luta”, para Daviz Simango.

O pior momento do MDM

Para alguns analistas da política de Moçambique, a saída de Manuel de Araújo do MDM vem evidenciar o “pior momento” por que está a passar o partido fundado pelos filhos de Uria Timóteo Simango, antigo vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), da qual acabou de forma inglória.

Manuel de Araújo é o segundo quadro mais graduado do MDM a abandonar o partido em menos de uma semana, depois do deputado Venâncio Mondlane, que chegou a ser apontado pelo “galo” como cabeça-de-lista deste partido por Maputo/Cidade, oferta entretanto por este rejeitada.

Venâncio Mondlane saiu do MDM acompanhado por algumas centenas de seguidores, alguns dos quais foram publicamente apresentados como membros do partido RENAMO na cidade de Maputo.

Um outro deputado do MDM pelo círculo eleitoral de Tete anunciou esta sexta-feira a sua desvinculação do partido dos filhos de Simango.

Declinando comentar expressamente a saída de Manuel de Araújo, o porta-voz da bancada parlamentar do MDM  na Assembleia da República, Fernando Bismark, disse que as deserções que se registam nos últimos dias no partido de que faz parte “não significam o fim de um projecto”.

Redacção

 

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