Assessores montados
Assessores – Com mais de 30 anos no exercício da profissão jornalística lidei com muitas pessoas que incluem adidos de imprensa de chefes de Estado e de Governo, ministros, vice-ministros e membros da sociedade civil em geral na África do Sul e em Moçambique.
Através do desempenho e respeito pelas pessoas com as quais lidei, sempre tive bom resultado e simpatia por parte de adidos ou assessores de imprensa em Moçambique e na África do Sul.
Na África do Sul, o adido de imprensa do então Presidente Nelson Mandela, Parks Mankhahlana, foi de especial admiração.
Ele (ora finado) respondia a todas as chamadas de jornalistas e caso estivesse ocupado retornava as chamadas logo que fosse possível. Mankhahlana foi exímio assessor de imprensa.
Entretanto, nos últimos anos, a qualidade de assessores ou adidos de imprensa de membros do Governo sul-africano baixou de qualidade, embora governantes tenham ainda algum respeito para com jornalistas nacionais e órgãos de informação, particularmente com profissionais da televisão pública, a SABC (corporação de radiodifusão sul-africana). Quando solicitados, membros do Governo ou de instituições públicas dão prioridade à televisão nacional em relação a outros órgãos de comunicação social.
A SABC tem cinco canais de televisão e 19 estações de rádio.
Jornalistas estrangeiros são tratados com algum desdém.
Os mais desprezados são de órgãos menos conhecidos na África do Sul em relação a profissionais da BBC, CNN ou Aljazeera.
Entretanto, um amigo e colega jornalista moçambicano contou-me recentemente que em Moçambique, os bons tempos de adidos de imprensa como Atanásio Dimas (ora falecido) e Bento Baloi que trabalharam com o Presidente Joaquim Chissano e de Marlene Magaia com Armando Emílio Guebuza ficaram para história.
Ministros de Joaquim Chissano estavam abertos a falarem para jornalistas sempre que fossem solicitados.
Os primeiros cinco anos do mandato de Armando Guebuza foram marcados por alguma abertura, mas a partir da metade do segundo mandato as coisas mudaram para outro extremo.
O Gabinete de Informação (GABINFO) tutelado pelo gabinete do Primeiro-Ministro fazia algum trabalho de formação de assessores de imprensa para facilitarem o trabalho de comunicação dos seus chefes para jornalistas.
No entanto, o famigerado G40, alegadamente concebido na sede do Comité Central do partido Frelimo por Gabriel Muthisse, Edson Macuacua & companhia lançou o processo de blindagem de governantes em Moçambique a começar com o Chefe do Estado.
Assessores de imprensa montados nos ministérios e instituições públicas travam facilidades de interacção entre ministros e jornalistas. Tem sido extremamente difícil convencer assessores para ministros e ou seus representantes participarem em programas de debates nos canais de televisão e rádios.
Jornalistas vivem momentos de tristeza devido às barreiras em forma de assessores de imprensa ou de gabinetes de comunicação e imagem montadas nos ministérios e instituições públicas em Moçambique.
Publicamente dizem que estão abertos, mas na prática estão fechados a sete chaves, sendo que apenas falam quando lhes interessa passarem a sua mensagem ao público.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi intitulado “Assessores montados para travar”, foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 16 de Fevereiro de 2022, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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