Cinco anos sem abates

Cinco anos – Há cinco anos que o Parque Nacional de Gorongosa (PNG), situado na província central moçambicana de Sofala, não regista abates de elefantes por parte de caçadores furtivos.

Esta informação foi prestada na quinta-feira da semana passada (20Out2022) em Maputo pelo responsável do Departamento de Conservação no PNG, Ângelo Levi, durante um debate subordinado ao tema Os Desafios da Conservação da Vida Animal e Florestal, promovido pelo Nedbank Moçambique, no âmbito das comemorações do 04 de Outubro, Dia Mundial dos Animais.

Outro dado transmitido por Levi neste evento foi de que, igualmente, há dois anos que não são registados danos na família dos leões no PNG, em consequência de armadilhas montadas pelos furtivos naquela estancia turística icónica de Moçambique.

Ângelo Levi apontou o bom desempenho dos fiscais, 95% dos quais recrutados localmente, e a crescente consciencialização das comunidades, principalmente as da zona tampão, como principais factores para estes registos naquele recinto de conservação com um total de 6700 quilómetros quadrados no total.


Ângelo Levi, Director do Departamento de Conservação no PNG

O efectivo de elefantes no PNG é actualmente estimado em 781 exemplares, o que representa um crescimento populacional considerável (>31%), tendo em conta que em 1972/1977 haviam cerca de 2500 animais e em 2000 havia registo de menos de 250, em consequência da devastadora guerra civil que opôs as forças do Governo e guerrilheiros da RENAMO (1976-1992).

Por seu turno, a população de leões no PNG era, em 1972/1977, estimada em perto de 200 exemplares, número que caiu para cerca de 30 quando terminou a guerra civil, presumindo-se que existam, hoje, perto de 150 (>75%), a fé dos resultados do censo de 2020, em nossa posse.

Levi disse que o crescimento do efectivo dos elefantes foi ainda impulsionado pela reintrodução de seis novos exemplares deste maior mamífero terrestre, em 2008, ano em que oficialmente o PNG passou a ser gerido à luz do Acordo de Longa Duração entre o Governo de Moçambique e a Fundação Carr, pacto este que incialmente devia durar 20 anos, mas que foi prorrogado para vigorar até 2043.

Importa referir que ao contrário de outras espécies, os leões do Parque Nacional de Gorongosa não beneficiaram do reforço populacional por via de translocações, sendo apenas resultado de reproduções dos que sobreviveram à guerra civil.

Na base dos números do recenseamento de 2020, estima-se que existam hoje no PNG aproximadamente sete mil espécies de animais e plantas.

Refira-se que decorre, actualmente, o censo deste 2022 que deverá trazer à tona dados mais actualizados, a serem tornados públicos em princípio no primeiro trimestre de 2023, de acordo com Levi.

Tendo existido como reserva de caça entre 192 e 1959, assumiu o estatuto de Parque Nacional da Gorongosa (1960), estando situado na zona limite Sul do Grande Vale do Rift Africano, no “coração” da zona Centro de Moçambique.

Foi entre 1981 e 1994 que se ressentiu severamente dos efeitos da guerra civil, tendo os primeiros sinais de restauração despontado em 2004, até à intervenção efectiva do filantropo norte-americano Gregory Carr (63 anos) em 2006, formalizada dois anos depois e que os resultados estão hoje à vista de todos.

Um dos desígnios de longo prazo do PNG é estender a área de proteção até ao Oceano Índico, através da Reserva Nacional de Marromeu, até aos mangais do delta do Rio Zambeze, para além de garantir que 50% dos seus colaboradores sejam mulheres até ao ano de 2025.

REFINALDO CHILENGUE

https://bit.ly/3oc1lWc

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