Contraditório assassinado

Contraditório assassinado: O fim da guerra fria entre as duas potências antagónicas lideradas pelos Estados Unidos da América (EUA), por um lado, e pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), por outro lado, e a queda do Muro de Berlin no inicio da década de 1990 reduziram conflitos armados e mortes extrajudiciais em várias partes do Mundo.

Em alguns países, incluindo na minha aldeia, fuzilamentos de suspeitos traidores ou rebeldes eram praticados em público sem julgamento judicial ou com julgamentos forjados em tribunais militares ou populares. Em muitos casos, os acusados não tinham advogados de defesa.

O contraditório em forma de centenas de milhares de pessoas inocentes foi assassinado em público na África do Sul, Angola, Libéria, Moçambique e em muitos outros países africanos, europeus, americanos e asiáticos.

Entretanto, no meio de tanta brutalidade e carnificina houve sobrevivente chamado comunicação social que outros chamam de quarto poder, com responsabilidade de reportar eventos ou acontecimentos de impacto social, político, económico, cultural, académico e religioso com isenção, transparência e imparcialidade.

No entanto, em alguns países, incluindo na minha aldeia, a comunicação social trabalha condicionada por poderes executivos e económicos manipulando a isenção, transparência e a imparcialidade, assassinando em público o contraditório.

O sector privado da comunicação social presta contas a dois poderes: económico financeiro e político governante.

Falhas na transparência cometidas pela comunicação social privada são relativamente menos graves na sociedade em comparação com parcialidade exibida pelo sector público financiado através de impostos de contribuintes.

Na África do Sul, tentativas de manipulação da comunicação social do sector publico pelo poder político, esbarram-se com máquinas de construção de verdadeiro Estado de Direito.

O contraditório brutalmente atacado e ignorado no tempo do regime minoritário branco do apartheid está vivo em quase todos os meios de comunicação social.

Em Moçambique, a reconhecida liberdade da comunicação social em geral é amordaçada por algumas algemas colocadas no sector publico facilitando o assassínio em público do contraditório sem advogado de defesa como acontecia contra nacionalistas e depois da independência contra candongueiros e bandidos armados.

Um amigo contou ao Rancor do Pobre ter acompanhado semana passada no telejornal da televisão pública uma entrevista a um veterano jornalista ora reformado a criticar Bispos Católicos moçambicanos que emitiram carta sobre a situação no país.

O veterano jornalista julgou e condenou à revelia em público os bispos e sobretudo o assinante da carta, Arcebispo Dom Francisco Chimoio.

A televisão pública passou por cima de isenção, transparência e imparcialidade como se fosse normal não ouvir a outra parte. Sorte é que no dia seguinte o Arcebispo Chimoio teve encontro de cortesia com o Chefe do Estado e no final falou para a comunicação social clarificando a posição da Santa Igreja, ressuscitando contraditório assassinado em público no caso da situação do país vista pela Igreja.

Com a campanha eleitoral rumo às eleições municipais em marcha, contraditório é vulnerável a morte em público.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 26 de Setembro de 2018 na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE

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