Desnorte no Norte

Desnorte no Norte – Rezar e dormir pouco, são algumas das inusitadas fórmulas sugeridas por alguns responsáveis como forma de fazer face aos rocambolescos e sangrentos episódios que se sucedem no Norte de Moçambique, nomeadamente em alguns pontos da província de Cabo Delgado.

“Nós temos que rezar para que haja uma rápida solução dos ataques que acontecem em Cabo Delgado”, este é o antídoto sugerido pelo novel Provedor de Justiça de Moçambique, Isaque Chande, apresentado imediatamente após a sua tomada de posse esta quarta-feira em Maputo.

Por seu turno, o Governador da martirizada província, Júlio Parruque, não tem dúvidas sobre a metodologia a seguir para resolver o imbróglio: “é preciso sempre mantermos vigilância. Vamos continuar acordados para o inimigo não brincar na nossa terra. Ainda bem que estão a colaborar com as Forças de Defesa e Segurança”.

Porque o jovem governador não está de forma alguma alucinado e está seguro no que diz, frisa que “se for necessário, vamos dormir pouco…vamos dormir pouco para que haja segurança de dia e de noite”.

Júlio Parruque falou nestes termos esta semana perante alguns habitantes da aldeia Monjane, que acorreram àquele local para ouvir a mensagem do governador em relação ao aumento das acções de banditismo que alguns dizem serem inspiradas no “radicalismo islâmico”.

Mas o porta-voz oficial do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina, parece um dos mais seguros sobre o cenário prevalecente em Cabo Delgado, ao ponto de, inclusivamente, quantificar os atacantes que nas últimas duas semana mataram perto de 30 pessoas e incendiaram mais de 300 habitações e meia dezena de viaturas: “seis malfeitores” com “características fidedignas” e “fragilizados”.

Dina até se recusa a alinhar no diapasão de rótulos que se assacam aos atacantes. “Não é razoável para a Polícia e para a sociedade, no geral, rotular este grupo que massacrou em Macomia com grupos ligados ao terrorismo, como Al-Shabaab e Estado Islâmico, supostamente a operar no país, de acordo com alguma imprensa”.

“São malfeitores, criminosos, que estão a cometer homicídios, ofensas corporais, danos, fogo posto e vários outros crimes que configuram no Código Penal”, elaborou Inácio Dina.

O Conselho de Ministros simplesmente diz não ter abordado os acontecimentos brutais decorrentes em Cabo Delgado nas suas mais recentes duas sessões ordinárias, suscitando estupefação e clamores vários de diversas sensibilidades da sociedade moçambicana.

E o discurso oficial é de que “a situação está sob controlo e não há motivos de alarme”, quando até os contratos de pesquisa de gás natural na região começam a ser revistos…

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 08 de Junho de 2018, na rubrica semanal TIKU 15!

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