Dirigentes: bajulação

Dirigentes gostam de bajulação – Qualquer ser humano gosta de ser elogiado na família, aldeia, província, nação, região, continente e a nível internacional.

Mas o excesso de elogio, igual a bajulação, prejudica se o elogiado não souber gerir com moderação as suas acções.

O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, nasceu no dia 5 de Junho de 1942 e chegou ao poder em Agosto de 1979 através de golpe de estado contra o seu tio Francisco Macias Nguema.

O idoso presidente comemorou 77 anos de idade na quarta-feira da semana passada e todo o país, antiga colónia espanhola e produtor de petróleo desde a década de 1990, parou em feriado nacional para celebrar o aniversário natalício de Teodoro Nguema.

É uma forma excessiva de elogiar – bajular ou adular – Teodoro Nguema num país em que a maior parte da população vive abaixo da linha da pobreza apesar das receitas da venda de petróleo.

O Rancor do Pobre já alertou sobre o perigo neste espaço do Correio da manhã de celebrar heróis vivos sob pena de traírem a revolução. Mas a tendência de bajulação não pára em África.

O excesso de elogio a dirigentes é uma fonte de geração de excessos de governação que provocam desgraças e sofrimento a dezenas de milhões de africanos em todo o continente.

Na África do Sul, a governação de Jacob Gedleyihlekisa Zuma foi marcada por escândalos de corrupção com graves consequências para a economia mais industrializada em África da qual dependem vários outros países incluindo o vizinho Moçambique.

Zuma, sem escola convencional, criou uma cadeia de bajuladores nas estruturas do ANC, movimento político mais antigo em África.

Os aduladores garantiam a supressão de ideias e manifestações contra a gestão danosa da coisa pública nacional e, por via disso, Jacob Zuma bateu o seu próprio recorde como chefe do Estado sul-africano que sobreviveu a oito moções parlamentes de censura durante nove anos da sua governação.

Estratégia mais ou menos similar foi usada por Armando Emílio Guebuza, em Moçambique, nos últimos três anos da sua governação. A sua cadeia de bajuladores incluía o famigerado G40 que tinha missão de abafar vozes discordantes na comunicação social sobre a governação que afundou o país na pior crise económico-financeira doméstica exacerbada pela situação de instabilidade económica internacional.

Aduladores do partido Frelimo apelidavam Guebuza de melhor filho, líder visionário do povo e 4X4, encorajando-lhe a avançar sem recuo.

De facto avançou sem recuo atropelando o país e os cerca de 28 milhões de habitantes sem dom nem piedade com a dívida de 2.2 mil milhões de dólares norte-americanos não declarada ao Parlamento, mas a bancada do partido Frelimo aprovou a inserção da dívida no orçamento do Estado, mesmo sem saber o paradeiro de tanto dinheiro. Uma parte é considerada ilegal pelo Conselho Constitucional, na sequência de petição da sociedade civil.

Entretanto, o cenário de bajulação está a construir-se de novo em torno do sucessor de Guebuza, Filipe Jacinto Nyusi, sem resistência por parte do adulado apesar de haver muitos exemplos em África de dirigentes cegamente adulados que terminaram mergulhando os seus respectivos países e povos na miséria.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 12 de Junho de 2019, na rubrica semanal denominada O RANCOR DO POBRE

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