Fim da lua-de-mel?

Fim da lua-de-mel – Pode ter chegado ao fim a “lua-de-mel” entre o chefe de Estado moçambicano e o novo líder da RENAMO, a avaliar pelos mais recentes pronunciamentos públicos de Filipe Jacinto Nyusi.

Efectivamente, Filipe Nyusi disse esta terça-feira num comício em Tete que há homens da Renamo que estão a ameaçar a população nas províncias de Tete e Manica, centro de Moçambique.

De imediato, a até agora principal força da oposição negou a acusação.

“Há homens da Renamo no mato a ameaçar as populações. Temos este problema em Moatize [província de Tete] e no distrito de Bàrué [Manica]”, disse Filipe Nyusi, num tom muito severo.

O chefe de Estado moçambicano falava durante um comício na província de Tete, no centro de Moçambique.

De acordo com Nyusi, as alegadas ameaças do braço armado da Renamo nestas regiões estão a atrasar o desenvolvimento local, na medida em que as populações têm medo de circular em determinados pontos.

“Num destes distritos, ficamos durante muito tempo com três a cinco escolas fechadas porque as crianças estavam com medo de ir à escola. Não pode haver moçambicanos a serem proibidos de circular”, afirmou Nyusi, acrescentando que caso a situação continue as autoridades serão orientadas para agir.

André Majibire, secretário-geral da RENAMO

O secretário-geral da Renamo, André Majibire, considerou lamentáveis as declarações do chefe de Estado e afirmou que a “perdiz” não está a ameaçar as populações.

“A Renamo é pela paz e os seus soldados são pela trégua. Não existe nenhum militar da Renamo que anda aí a disparar”, disse o secretário-geral do partido, que acrescenta que os pronunciamentos do Presidente fazem parte de uma propaganda política, quando faltam poucos meses para as eleições gerais.

“No âmbito das negociações, foi criada uma comissão para fiscalizar as tréguas e os acordos. Porque o Presidente não falou com a comissão para averiguar estas alegadas ameaças? ”, questionou o secretário-geral da Renamo.

“É o fim da ´lua-de-mel` entre uma cada vez mais robusta Frelimo e uma cada vez mais debilitada e aparentemente desorientada RENAMO, comentou um analista da praça que acompanha atentamente a política doméstica moçambicana.

Nyusi orientando um comício popular esta terça-feira em Tete

O nosso analista sustentou a alegada “fragilidade” da RENAMO com o péssimo ambiente que se vive hoje no partido deixado órfão por Afonso Dhlakama, com alegadas perseguições de alguns membros deste partido, incluindo assassinados, alegadamente protagonizados a mando do actual líder, Ossufo Momade.

O Governo moçambicano e a Renamo continuam a negociar uma paz definitiva em Moçambique, tendo as partes previsto que até Agosto, antes das eleições de 15 de Outubro, seja assinado um acordo de paz no país.

Um dos pontos mais complexos das negociações tem sido a questão do desarmamento, desmobilização e reintegração dos homens armados da Renamo.

O principal partido da oposição exige a presença dos seus quadros no Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas academias militares, o que não tem tido resposta por parte do executivo moçambicano.

Além do desarmamento e da integração dos homens do braço armado do maior partido da oposição nas Forças Armadas, a agenda negocial entre as duas partes envolvia a descentralização do poder, ponto que já foi ultrapassado com a revisão da Constituição, em julho do ano passado.

 

Redacção

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *