Duarte Pacheco: Terrorismo
Duarte Pacheco – O presidente da União Interparlamentar, Duarte Pacheco, defendeu hoje que a violência armada em Cabo Delgado deve permanecer entre as prioridades na agenda internacional, considerando que o mundo não pode esquecer o sofrimento das populações afectadas pelo conflito.
“A generalidade da atenção está actualmente virada para outros problemas. Temos de ser nós, amigos também de Moçambique, a repor o assunto na agenda”, disse Duarte Pacheco, em declarações à comunicação social momentos após um encontro com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, na Presidência da República, no âmbito de uma visita de trabalho que realiza ao território moçambicano.
Para o deputado português do PSD, que preside à organização internacional dos parlamentos de Estados soberanos, a invasão russa da Ucrânia e o seu impacto económico têm estado a concentrar as atenções da comunidade internacional, mas o problema da violência armada no norte de Moçambique persiste, embora a situação de segurança tenha melhorado.
“O problema está melhor graças a acção das Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique e dos países amigos que estão a apoiar Maputo, mas o problema persiste. Como o problema persiste, não podemos parar porque se pararmos, se calhar, aquilo que se alcançou no último ano pode retroceder”, afirmou.
Duarte Pacheco prometeu levar o tema da violência armada em Cabo Delgado para a assembleia geral da União Interparlamentar agendada para Outubro, um encontro que vai juntar pelo menos mil parlamentares de um total de 178 países de todo mundo.
“É preciso alertar a comunidade internacional que o problema ainda existe e que o apoio que tem sido dado tem de continuar. Caso contrário, os parlamentares, que têm o papel de aprovar orçamentos, vão pensar que há outras prioridades e Moçambique vai desaparecer do radar”, frisou Duarte Pacheco, lembrando que o país africano também é ciclicamente afectado, na primeira linha, pelo impacto das mudanças climáticas.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
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