E as dívidas, Nyusi?

O Presidente da República, Filipe Nyusi, completou no final de semana passado dois anos e meio do seu mandato desde que foi entronizado, e aproveitou para fazer um balanço do seu trabalho nesse período.

Fê-lo com omissões, sobretudo as mais fulcrais.

Nesse auto-balanço, Filipe Nyusi mostrou-se “orgulhoso” do trabalho desenvolvido desde o dia em que foi entronizado e salientou progressos nas áreas como a agricultura, educação, saúde, turismo entre outros, sem, no entanto, se referir à dívida que um grupo conhecido a contraiu no maior dos segredos e a quis soberana.

Aliás, um documento recentemente vazado sobre essa grande “bolada” tem a sua assinatura…

Não falar dessa dívida que deixou o país com o cinto nas mãos e de queixo caído pode-se equiparar a ir a Roma e não ver o PAPA. É um assunto incontornável na vida daqueles que Nyusi considerou seu “único, legítimo e exclusivo patrão” quando estava sendo entronizado.

Não mencionar, nem que seja por uma vírgula, essa dívida ilegal, sem o conhecimento da Assembleia da República revela que o “país não está de volta” como deu a entender em Tete, recentemente, numa conferência de investimentos.

A omissão desse facto mostra que “o país não está nada firme” como também quis fazer crer na sua última comunicação à nação, a partir do pódio da Assembleia da República.

Nyusi chegou a dizer no dia em que agarrou o ceptro que os desafios que temos pela frente vão certamente implicar novas atitudes colectivas e individuais. Esses desafios implicam a coragem de operar mudanças. As mudanças que forem necessárias devem ser feitas democraticamente e dentro dos marcos institucionais e com a máxima responsabilidade.

Esperamos que uma dessas mudanças comece por não existência de omissões de mais alta importância, como reconhecer que estamos de “volta” com “atrasos” relevantes por causa da dívida.

Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: E as dívidas, “camarada” Nyusi?

LUÍS NHACHOTE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF  do jornal Correio da manhã  no dia 20 de Julho de 2017, na rubrica semanal intitulada DO LADO DA EVIDÊNCIA

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