Os “cozinheiros”

Acho que uma vez abordei o assunto de conspiração neste espaço do Rancor do Pobre, mas parece que a mensagem não atingiu o alvo – “cozinheiros” de teorias de conspiração contra o poder.

Há três semanas, o ministro sul-africano da Segurança, David Mahlobo, foi apupado numa conferência de imprensa por jornalistas após ter afirmado que os serviços de inteligência sabiam um ano antes que a região de Vuwani seria afectada por violência contra a demarcação territorial municipal.

Mais de 25 escolas foram parcial ou totalmente destruídas em 2016 em Vuwani e milhares de alunos prejudicados.

Foram incidentes que deixaram marcas negativas na sociedade para as próximas gerações.

O ministro Mahlobo não disse por que as forças de segurança não evitaram a destruição dos bens do Estado, já que tiveram informação um ano antes.

Alguns dirigentes do ANC têm falado da existência de forças externas envolvidas em conspiração para derrubar o Governo.

Para muitos sul-africanos, o problema que o país enfrenta chama-se corrupção generalizada e captura do Governo por pessoas privadas.

O Tribunal Constitucional pronunciou que o Presidente Jacob Zuma beneficiou ilicitamente do dinheiro do Estado nas obras da sua residência particular de Nkandla e foi ordenado a pagar do seu bolso cerca de oito milhões de randes.

O relatório da antiga protectora pública, Thuli Madonsela, alude que o Estado foi capturado pela família milionária Gupta.

O Presidente Jacob Zuma tentou desmentir com alguma arrogância, mas de algum tempo para cá foram descobertas correspondências de troca de favores entre membros da família Gupta e alguns ministros e dirigentes de empresas públicas sul-africanas. Estes esquemas não são conspiração externa. São factos de ganância pelo dinheiro fácil procurado por dirigentes.

De Moçambique recebi semana passada uma mensagem que segundo o seu autor era uma denúncia da conspiração alegadamente forjada pelo representante da União Europeia com o Parlamento Juvenil para desestabilizar o Governo da Frelimo.

O denunciante acha que está a fazer um grande favor para a Frelimo e aos moçambicanos em geral… coitado.

Quando o Governo anterior escondeu as dívidas que hoje sufocam muitos moçambicanos não estava a cumprir ordens de conspiradores externos.

O secretário-geral do partido comunista sul-africano, Blade Nzimande, disse no recente congresso do seu partido que 80 por cento de informações consideradas conspiração são de domínio público relacionadas com má governação dos dirigentes. Entretanto, “cozinheiros” de teorias de conspiração tentam cozinhar omoletes sem ovos para enganar os pobres.

THANGANI WA TIYANI, Correspondente na África do Sul

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF  do jornal Correio da manhã  no dia 19 de Julho de 2017, na rubrica semanal intitulada RANCOR DO POBRE

 

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