ENVIA o VALOR para este NÚMERO

Quem nunca recebeu uma mensagem com a seguinte informação “Envia o valor para este número”?

Há dias, recebi mais de três vezes mensagens com conteúdos semelhantes, e quando tentei entrar em contacto com o número imediatamente, não chamava, estava fora de área.

Para mim, tudo começou numa tarde de sexta-feira quente, em 2016, quando descansava debaixo de uma mangueira e de repente recebo uma mensagem, “olá, enviei um valor de 10 mil meticais no seu Mpesa por engano, peço que reenvie o valor para este número. Imediatamente verifiquei o meu saldo Mpesa, e uma vez que estava txonada (sem dinheiro), não havia lá nenhum 10 mil, se não os meus últimos 10 meticais. Em seguida, entrei em contacto com o dono do número, que numa voz de desespero dizia num tom apelativo “peço que reenvie, esse valor deve ser usado para o pagamento das despesas com os cuidados da minha mãe que está de baixa, no hospital”. Fiquei sem entender o que jovem dizia porque não havia recebido nenhum valor, e então percebi que não passava de burla e bloquei o número.

Em 2015, a Procuradora Geral da República, Beatriz Buchili, exigiu as operadoras de telefonia móvel celeridade e rigor no processo de registos de cartões SIM como forma de assegurar maior rigor e controlo sobre os oportunistas destes meios para o cometimento deste tipo crime.

Seguiu-se religiosamente o processo de registo de cartões SIM por parte dos utilizadores de todas as telefonias, onde subscritores são obrigados a entregar os seus dados como forma de reconhecimento que o número pertence a determinada singularidade.

No entanto, mesmo assim o envio das mensagens fraudulentas não reduziu, muito pelo contrário, aumentou, principalmente com o desenvolvimento do sistema de envio de dinheiro electrónico por Mpesa, Emola, Mkesh, Ponto 24, entre outros.

Até então, as especulações são que esse tipo de conteúdo, fraudulento é difundido por reclusos já detidos nas cadeias de máxima segurança como B.O, Cadeia Central, entre outras.

A não ser que sejam verdadeiras as especulações, deixa em dúvida o significado de máxima segurança, para nós, porque o recluso tem o acesso livre de uso de telemóvel, e por outra, expõe a fragilidade das empresas de rede de telefonia móvel, onde a questão que fica é a seguinte, de que forma conseguem os burladores o contacto e os dados precisos das vítimas? Quem poderá em algum momento esclarecer essa dúvida para a maior parte dos moçambicanos?

Em 2022, foi lançada uma plataforma de denúncias de fraudes em telecomunicações pela PGR, INCM, SERNIC, AMB e operadoras de telefonia móvel com vista a combater vários tipos de burlas que se tem verificado no país, onde quem quiser aceder a plataforma terá que clicar ao endereço electrónico https://fraude-denuncias.pgr.gov.mz, como forma de fazer a denúncia, porém, o mesmo site não é operacional.

Tendo em conta que o mesmo, referiu em Fevereiro de 2022, que nos últimos quatro meses registaram-se mais de 50 000 situações de fraude, sendo que 40% do tipo burla, nesse caso mais de 20 000 casos registados em um curto período.

O não funcionamento da plataforma de denúncia, deixa a desejar, sobre os esforços feitos para acabar ou até mesmo reduzir os casos de burla por SMS, porque nada acontece com a plataforma, a não ser que exista um outro meio de denúncia que não foi divulgada para a população moçambicana e o preocupante é o facto de as operadoras de telefonia móvel não mostrarem posicionamento face estas burlas recorrentes.

Na passada segunda-feira, o INCM, avançou que actualmente, o registo de cartões SIM poderá ser feito com informações biométricas, a partir de Outubro, pelo que haverá a necessidade de reconhecimento facial ou impressão digital que visam facilitar a identificação de pessoas envolvidas em crimes para que haja capacidade de rastreá-lo, e o subscritor terá o número único de telecomunicações (NUTEL) para a identificação única em todos os números.

Significando que a partir do registo, em caso de burla a polícia poderá com facilidade identificar o burlador, neutraliza-lo imediatamente para que seja responsabilizado pelos seus actos. E se o burlador já estiver encarcerado, o que acontecerá?

Mas a questão que fica aqui é a seguinte, doravante será possível identificar e neutralizar de verdade os verdadeiros envolvidos nesses conteúdos com esse sistema?

Até aqui nos resta apenas esperar para ver a eficiência desse sistema, ou se não, passará de mais um sistema criado para alimentar a ilusão do moçambicano de que “a polícia está a trabalhar para resolver o caso”.

NOÉMIA MENDES

Este artigo foi intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de  25 de Maio de 2023, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO.

Caso esteja interessado em passar a receber o PDF do Redactorfavor ligar para 21 305323 ou 21305326 ou 844101414 ou envie e-mail para correiodamanha@tvcabo.co.mz 

Também pode optar por pedir a edição do seu interesse através de uma mensagem via WhatsApp (84 3085360), enviando, primeiro, por mPesa, para esse mesmo número, 50 meticais ou pagando pelo paypal associado ao refinaldo@gmail.com.

Gratos pela preferência

https://bit.ly/41XbJTI

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