Experimentar outros modelos

Experimentar outros modelos – Desde 1994 que Moçambique realiza o que se designa de eleições multipartidárias e, todas elas se saldaram em desavenças e deixou cair o mito de que todos os docentes, reitores e religiosos são imaculados e fontes de inspiração.

Foram rios de dinheiro inutilmente gastos para, ao fim ao cabo, o país agudizar discórdias e não raras vezes resvalar para conflitos sangrentos e altamente destruidores.

Tudo, e em todas as ocasiões não foi por incapacidade, muito menos por ignorância, mas resultado de esforços deliberados de alguns, devidamente identificados, que um dia a História julga-los-há.

São facínoras, mas detentores de uma oratória e capacidades de malabarismos impressionantes. Caras sem vergonha que matam ou provocam mortes e depois derramam lágrimas de crocodilos.

Porque tudo indica que definitivamente em Moçambique não é o voto popular que conta, mas a vontade dos que contam o voto popular, talvez seja mais racional desistirmos, nem que seja por uma ou duas décadas, deste inútil exercício, que apenas emprega e alimenta um bando de preguiçosos e gera sucessivos ciclos de violência brutal simplesmente desnecessários.

Em Moçambique, em caso de dúvidas, no lugar de recontagem na base de actas e editais existentes, os membros da CNE preferem votar os votos dos votantes!

E há que vê nisto um “eloquente exemplo de democracia”

Aliás, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, Abdul Cari­mo Sau, ao fazer o anúncio que todos já conhecíamos o conteúdo, foi ao extremo de elogiar o trabalho da polícia (!) bem como do órgão auxiliar da CNE, o Secretariado Técnico de Adminis­tração Eleitoral (STAE) “pelo enorme esforço que fizeram para tornar estas eleições um verdadeiro sucesso”.

Grande sucesso, digo eu!

No lugar das ditas “eleições”, tão desgastantes física e psicologicamente quanto exorbitantemente onerosas, talvez se estabelecer uma metodologia de governação baseada em sistemas de “turnos”, nos quais por um certo período governa o partido X e no outro o Y e alguns cargos para o W, e sairmos de toda esta palhaçada sem piada alguma, quando muito mortífera e demolidora.

É que, como um dia alguém disse, perder uma eleição é normal numa democracia, mas perder uma democracia numa eleição é inadmissível, e, nós, os moçambicanos, não podemos nem devemos permitir ou compactuar.

Se quem detém o poder, seja ele formal ou informal em Moçambique, não está preparado ou interessado em trilhar pelo caminho de democracia multipartidária, melhor “fechar para balanço”, quanto a este modelo, e experimentar outras vias, nem que seja seguir o sistema monárquico, desde que nos poupem de mentiras, masturbações colectivas, fingimentos e riscos de cíclicas guerras.

Pedimos sossego para tentarmos a nossa sobrevivência em relativa paz e que dividam as riquezas entre vós.

Na verdade, os moçambicanos, como povo, não têm nada um contra o outro e convivem, mesmo pensando e optando diferente. O problema está com as lideranças políticas, que tudo fazem para manipular os cidadãos e, infelizmente, há os que caem na armadilha.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 26 de Outubro de 2018 na rubrica semanal TIKU 15!

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