Ilusionismo político

Ilusionismo político – A 20 de Dezembro corrente, o Presidente Filipe Nyusi foi ao Parlamento dizer que “o país está estável e inspira confiança”, fazendo uma autêntica tábua rasa a uma série de problemas bem graves por que o povo tem passado. Os principais problemas, tais como o combate à corrupção, os ataques em Cabo Delgado, o imbróglio eleitoral e as dívidas inconstitucionais, que apoquentam o país não mereceram uma análise aprofundada da parte do Chefe de Estado.

São esses problemas que desestabilizam as instituições e travam o desenvolvimento socioeconómico do país perante os quais Filipe Nyusi se esforça em fechar os olhos, fingindo que não existem. Não é novidade que a corrupção seja um cancro que corrói a economia. Não é segredo nenhum que as populações de Cabo Delgado não confiam na polícia porque os insurgentes continuam a degolar as pessoas e a queimar os bens. O único partido que ficou satisfeito pelos fraudulentos resultados eleitorais foi a própria Frelimo por se ter beneficiado do malabarismo e truques nojentos dos órgãos eleitorais, da polícia e dos tribunais da Frelimo.

Os escandalosos resultados das eleições autárquicas de 10 de Outubro de 2018 foram tão clamorosos que até os tradicionais apoiantes das suas falcatruas do regime da Frelimo levantaram a sua voz de protestos. Não imaginamos como se devem ter sentido as populações de Cabo Delgado quando ouviram Nyusi a dizer que a situação do país está estável e inspira confiança. No mínimo, devem ter ficado escandalizadas e tristes pela tamanha irresponsabilidade. Como alguém que teve parentes decapitadas, celeiros incendiados, animais mortos e alguns roubados se pode sentir inspirado? Inspirar-se em noites inteiras passadas em branco, escondido na mata fechada, fugindo dos bandidos? Não se entende nada quando Nyusi diz que o país está estável e inspira confiança.

As populações vítimas do banditismo aperceberam-se de que estão isoladas na sua luta pela sobrevivência e começaram a organizar auto-defesa colectiva. Há notícias encorajadoras de assaltos aos esconderijos dos malfeitores, matando alguns, capturando outros.

A justiça pelas próprias mãos aparece quando a justiça do Estado anda ausente. Não se pode condenar a quem se defende de bandidos. A polícia e os militares andam longe das suas obrigações de proteger as populações das incursões de malfeitores e as autoridades pouco se esforçam para desvendar o segredo. A contra-inteligência dos serviços secretos só servem para perseguir os adversários do partido governamental? Noutros quadrantes do mundo, esses serviços são para defender o país.

Chegamos ao ponto em que, no país, já não se rouba, mas, “leva-se para casa”, de acordo com a esperteza de cada um. As empresas públicas andam desfalcadas e jogadas para o caixote da falência devido à constante prática de “levar para casa”. O FDA – Fundo de Desenvolvimento da Agricultura, a mCel, INSS, LAM entre tantas outras instituições públicas servem de saco azul onde as elites do partido Frelimo roubam à vontade.

Edwin Hounnou 

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Correio da manhã do dia 27 de Dezembro de 2018 na rubrica semanal MIRADOURO

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