Iminente a remodelação do executivo de Ramaphosa

Observadores habilitados acreditam estar iminente uma remodelação governamental no Executivo dirigido pelo Presidente Cyril Ramaphosa, na República da África do Sul. É porque fontes geralmente bem informadas adiantam que as mexidas podem ser anunciadas antes de quinta-feira (09 de Fevereiro) data em que Ramaphosa se desloca à capital parlamentar, Cidade do Cabo, para apresentar o estado geral da nação.

No fim-de-semana, o poderoso Comité Executivo Nacional do ANC deu “luz verde” para que Cyril Ramaphosa avance com o processo de remodelação governamental, muito por força dos resultados do 55° congresso do ANC, realizado em Dezembro de 2022.

Neste congresso, por exemplo, o actual vice-presidente do país e do partido, David Mabuza, não foi eleito para nenhum cargo partidário, ele que concorria para a sua própria sucessão.

Fragilizado politicamente, Mabuza anunciou, também no fim-de-semana, a intenção de abandonar os cargos de vice do partido e do país. David Mabuza diz ter informado ao presidente Ramaphosa da sua decisão.

Este domingo (05 de Fevereiro) o gabinete de Ramaphosa confirmou o pedido de demissão de David Mabuza mas assegurou que “o presidente pediu que Mabuza permaneça no cargo até que o processo de transição seja concluído”.

O primeiro sinal de transição é a tomada de posse, esta segunda-feira (06 de Fevereiro) do recém-eleito vice-presidente do ANC, Paul Mashatile, como membro do Parlamento sul-africano. Este é o passo indispensável para Mashatile ocupar o cargo de vice-presidente da África do Sul.

O recém-eleito Secretário-geral do ANC, Fikile Mbalula, veio a público, no domingo, afastar qualquer espectro de crise no pedido de demissão apresentado por David Mabuza. “Não há nenhuma crise. É um processo normal decorrente das eleições internas realizadas no Congresso de Dezembro”, disse Mabalula.

A eleição de Mbalula para o cargo de SG do ANC abre uma vacatura no actual posto que ele ocupa [Ministro dos Transportes]. Havendo necessidade de Mbalula cuidar do dia a dia do ANC, Ramaphosa vê-se na obrigação de “alocar” um outro quadro para o estratégico Ministério dos Transportes.

Também vago está o cargo de Ministro de Administração e Função Pública. A anterior titular, Ayanda Dlodlo, “pulou” para o Banco Mundial, nos princípios do ano passado. Desde lá este Ministério é interinamente comandado por Thulas Nxes, que é Ministro do Emprego e Trabalho.

Cyril Ramaphosa vai certamente aproveitar esta “luz verde” para acertar contas do passado. É que as actuais Ministras do Turismo (Lindiwe Sisulo) e da Boa Governança e Assuntos Tradicionais (Nkosazana Dlamini-Zuma) desafiaram as ordens do Comité Excutivo Nacional, em Dezembro passado, e votaram a favor da criação de uma comissão parlamentar para investigar CR.

Com “a faca e o queijo” nas mãos de Ramaphosa tudo indica que as duas Ministras vão ser “sacrificadas”.

Por “sacrificar” ficam também os actuais Ministros dos Recursos Minerais (Gwede Matanshe) e das Empresas Públicas (Pravim Gordham) tidos como os culpados da actual crise de energia que a África do Sul experimenta nos últimos anos.

O problema é que Matanshe foi o homem que dissuadiu Ramaphosa de resignar dos cargos de Presidente do país e do ANC; foi ele que conduziu a campanha que levou Ramaphosa à presidência do partido e ele mesmo conseguiu ser reeleito Presidente Nacional do ANC [uma espécie de presidente do comitê executivo nacional]. Portanto Matanshe ainda goza de um capital político relevante dentro do partido. Mas para o proteger, se calhar, o melhor seria tirá-lo dos Recursos Minerais e Energia e tentar insuflar novas ideias de como lidar com a crise de energia.

EFF vai sabotar o discurso de Ramaphosa

Para lá da esperada remodelação governamental, os sul-africanos estão na expectativa de ouvir o que dirá Ramaphosa, na quinta-feira, quando apresentar o estado geral da nação.

Certamente a grande novidade poderá ser o anuncio da declaração do estado de desastre nacional, por conta da crise de energia.

O ANC e o presidente Ramaphosa acreditam que com o estado de calamidade, o governo vai ter mais capacidades e recursos para resolver a questão da crise de energia. Aliás o ANC diz que é possível acabar com os “apagões” até finais deste ano.

No entanto, o partido dos Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, promete “infernizar” o Presidente Ramaphosa quando este apresentar o estado geral da nação.

O partido de Malema entender que “Ramaphosa não tem credibilidade para apresentar o estado geral da nação” em razão do seu envolvimento no escândalo de “Phala Phala” 

RAULINA TAIMO, correspondente na África do Sul

https://bit.ly/3Z52YGp

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