Caça às bruxas em marcha no seio do ANC

Caça às bruxas  – No mesmo dia em alguns deputados do Congresso Nacional Africano (ANC) contrariaram as ordens do partido e votaram a favor da adopção do relatório do Painel Independente, que investigou o caso “Phala Phala”, o presidente nacional do ANC [que dirige as sessões do NEC], Gwede Matanshe, disse que o “caso” destes membros será dirimido pelo Comité Executivo Nacional.

É que após ser tornado público o posicionamento do Painel Independente, a 1 de Dezembro, o Comité Executivo Nacional (NEC) do ANC decidiu instruir a bancada parlamentar a votar contra a adopção do relatório do painel.

No entanto, após calorosos debates em torno do referido relatório e na hora de votação, alguns deputados do ANC, com destaque para Nkosazana Dlamini Zuma, Mosebenzi Zwane e Supra Mahumapelo votaram a favor da adopção do relatório, ou seja, a favor da criação de uma comissão de impeachment.

Outros deputados, como Lindiwe Sisulu e Zweli Mkhize, decidiram “gazetar” à sessão da última terça-feira, sendo que devem se explicar, perante o Comité Executivo Nacional.

No mesmo dia em que 214 deputados do ANC “safaram” Cyril Ramaphosa, o candidato a vice-presidente do partido e Ministro da Justiça e Assuntos Constitucionais, Ronald Lamola, disse que “o facto de alguns deputados do partido terem votado contra a directiva mostra que ninguém no ANC foi ameaçado ou coagido”.

Só que este parece não ser o entendimento da ala dura próxima de Ramaphosa que pode vir a propor sanções contra os deputados “indisciplinados”.

Nkaszana Dlamini Zuma já veio a público negar que “tenha votado com a oposição” vincando que “votou em consciência, na qualidade de mandatário do povo”.

Dlamini Zuma deixou transparecer que o comando que o NEC deu à bancada parlamentar não foi consensual, nas discussões havidas na reunião deste órgão que dirige os destinos do partido entre as conferencias.

A antiga esposa de Jacob Zuma diz estar preparada para qualquer decisão que possa vir a ser tomada até pelo Presidente Cyril Ramaphosa, ao mesmo tempo que lembrou “não de ser a primeira vez que camaradas não votam o recomendado pelas estruturas do partido e essas pessoas estão lá e continuam no ANC”.

Justificando a sua posição de votar a favor do relatório, Dlamini Zuma defende que “em nenhum memento o Painel Independente disse que Ramaphosa era culpado ou que tinha que abandonar o cargo” daí entender que a comissão parlamentar de impeachment seria o local ideal para ele provar a sua inocência.

Disse também que em caso de ser nomeada para disputar qualquer que seja o cargo na estrutura do ANC, durante as sessões da 55ª Conferencia do partido que arranca esta sexta-feira (16 de Dezembro), vai “ aceitar”, mas caso não seja eleita vai “ continuar a servir o país como sempre o fez”.

TONY YENGENI É ELEGÍVEL

Depois de ter sido descartado pelo comité eleitoral do ANC de concorrer a membro do Comité Executivo Nacional, alegadamente por ter pendentes com a justice, o activista anti-apartlheid, Tony Yengeni, recorreu e agora é elegível.

A lista dos “ impedidos” inclui a antiga Presidente do braço feminina do ANC, Bathabile Dlamini. Este grupo decidiu levar o caso a Justiça e o assunto será ouvido esta quinta-feira (15 de Dezembro) pelo tribunal superior de Joanesburgo.

O impedimento anterior a Yengeni tinha sido baseado numa sentença de prisão de quatro anos que Yengeni recebeu em 2003 em um caso ligado ao negócio de armas, de vários bilhões de rands.

No recurso que apresentou, Tony Yengeni disse que, em 2013, o Ministério da Justiça havia anulado a sua condenação [de 2003] e que o ANC aprovou a regra do afastamento [step  asaide], com que o Comité Eleitoral se baseara, apenas em 2017.

Tony Yengeni é visto como um pró-Zuma e no caso “Phala Phala” sempre defendeu que Cyril Ramaphosa deve abandonar os cargos que actualmente ocupa.

RAULINA TAIMO, correspondente na África do Sul

https://bit.ly/3zwuAZU

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