A incompetência

Como não sou poeta nem filósofo, irei directo ao assunto: incompetência

Acompanhei com alguma estranheza o aparente espanto e indignação manifestados pelo nosso Presidente da República face ao desconhecimento da realidade patenteada por alguns dos (des)governantes de determinados pontos deste Moçambique, testemunhado ao longo desta semana nas províncias de Inhambane e da Zambézia, que certamente não detêm nenhuma exclusividade no que a isso tange.

Sinceramente não compreendo a razão do espanto do nosso chefe de Estado, porque aqueles senhores não saíram das respectivas casas para ali se estabeleceram e tomarem as rédeas. Alguém aí os colocou e é a esse que devem ser exigidas explicações.

Amiúde vozes se levantam questionando os critérios de indicação e nomeação dos indivíduos que estão a (des)governar a máquina administrativa deste Moçambique, mas, ao invés de escutá-las e analisar a sua razão de ser, são pura e simplesmente vilipendiadas e rotuladas de não patrióticas e outros epítetos pejorativos.

Muitas vezes se alertou ao Presidente da República para questionar o nível de preparação das dos seus anfitriões em instituições e locais que visita, pois tudo indica que a preocupação reside nas vestes – tipo xiguiyane –, acções meramente teatrais e algum exibicionismo pelo meio, tudo apimentado com relatórios que pouco ou nada têm a ver com a realidade.

Aparentemente, ante esses apelos o Presidente e/ou aqueles que o deviam alertar, os tais assessores, que muitos deles apenas se preocupam em aparecer e até dificultar o trabalho dos que cobrem as suas deslocações (no caso de jornalistas), pouco ou nada fazem e o resultado é o que se assistiu esta semana: uma pouca-vergonha!

Senhor Presidente, aquelas pessoas não acocoradas que lhe fazem alertas, à distância, porque poucas hipóteses de lhe contactar directamente têm, muitos deles de reaccionários ou antipatriotas não têm absolutamente nada, apenas estão exercendo o seu direito de cidadania, porque interessados em ver Moçambique no bom rumo.

Senhor Presidente! Não deixe de escutar os que te rodeiam, mas, acredite, muitos deles são autênticos aduladores, beija-mão, uns bajus!

Samora Moisés Malengane Machel – que Deus o tenha – há muito disse e com alguma razão que “a incompetência não se critica. Demite!

O Presidente Filipe Jacinto Nyusi disse que vai mandar para capacitação esses incompetentes e desinteressados com o próprio trabalho. Mas, Presidente, ainda não se deu conta que está no final do seu (primeiro) mandato e era tempo de mostrar resultados do mesmo? Ainda quer mandar treinar os seus colaboradores para esta governação?!

Mesmo já com muito atraso, julgo que que por estas alturas precisamos de decisões políticas e administrativas que mudem as nossas vidas, Senhor Presidente: um partido político e um chefe de Estado forte que governa e toma medidas severas, agora!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 22 de Junho de 2018 na rubrica semanal    TIKU 15!.

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