Inverno turbulento

Inverno turbulento – Jovens do pequeno reino montanhoso de eSwatini, antiga Swazilândia, que faz limite com Moçambique, estão na rua desde semana passada munidos de pedras, paus, pneus e outro tipo de armas brancas para exigirem a destituição do Rei Mswati III do poder que ocupa há mais de 30 anos, depois da morte do seu pai Sobhuza II em 1982. eSwatini faz fronteira com a poderosa África do Sul e com Moçambique, dois países com governos eleitos pelos respectivos povos em processos considerados democráticos.

Jovens de eSwatini acreditam que o seu azar é provocado pela governação do monarca executivo de Mswati III.

Para a juventude de eSwatini, a destituição do Rei pode abrir espaço para a eleição de um governo democrático.

O Rei, com uma riqueza pessoal estimada em 100 milhões de dólares norte-americanos, é visto como estando mais interessado em coleccionar mulheres a quem distribui riqueza que devia servir o povo.

Um dos alvos da juventude são os negócios do Rei e da sua família no pequeno Reino montanhoso.

Entretanto, a destituição do Rei pode não trazer resultados positivos esperados pela juventude. Há casos falhados.

Na década de 2010, jovens dos países do Norte de África fizeram revolução, destituindo governantes instalados há vários anos.

Depois, a Primavera Árabe teve três principais reflexões: medo de colapso de estados, aumento da polarização social e de exigências de melhores condições socioeconómicas.

Mas os jovens que foram às ruas na Tunísia, Egipto, Líbia, Síria e Iémen estavam menos preocupados com o colapso dos seus respectivos estados. De Estado estável e socialmente “carinhoso”, a Líbia foi transformada num feudo de senhores de guerra, à semelhança da Somália desde a queda do seu homem mais forte, Mohamed Siad Barre, derrubado em 1991.

Jovens revoltados nos países árabes deixaram claro que havia ligação entre mudanças políticas e solução de problemas socioeconómicos, acreditando que uma vez derrubados os governos autoritários os problemas iriam desaparecer.

No entanto, essa crença já não existe, pois não só os problemas não desapareceram, mas em alguns casos até pioraram – caso da Líbia.

O mesmo pode acontecer no reino de eSwatini, vizinho de Moçambique. Com 46 anos da independência, Moçambique regista crescimento do ninho da corrupção, aumento de desemprego e da pobreza entre a juventude com ou sem formação académica.

A poderosa África do Sul é um elefante económico-industrial com úlcera de corrupção. A democracia multirracial não se come.

A juventude está desesperada, tal como em Moçambique.

Então, a juventude da antiga Suazilândia animada nas ruas exigindo a queda da monarquia executiva poderá ficar frustrada quando descobrir que a democracia não resolve problemas sócio-económicos nos países africanos transformados em propriedade de governantes gananciosos como o Rei polígamo de eSwatini. (Inverno turbulento)

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 30 de Junho de 2021, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE

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