Kenmare mais transparente

Kenmare Resources , empresa que explora areias pesadas, lidera o ‘ranking’ de transparência do sector extractivo em Moçambique apresentado hoje pelo Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não governamental moçambicana.

“Esta é a empresa mais transparente porque, em termos fiscais”, critério mais importante do ‘ranking’, “tem a maior pontuação. A Kenmare destaca-se ainda por possuir um ‘website’ com 80% das informações esperadas”, disse Inocência Mapisse, coordenadora de indústria extractiva no CIP.

“É satisfatório estar nesta posição, pois significa que o esforço que fazemos para divulgar informações é reconhecido. É uma prova de que estamos no caminho certo”, disse Gareth Clifton, director da Kenmare.

A empresa conseguiu 65 pontos numa classificação de 0 a 100. 

A classificação abrange 12 empresas e os cinco lugares de topo incluem, além da Kenmare Resources, em primeiro lugar, a Vale Moçambique (, a Total, em terceiro, a Montepuez Ruby Mining, em quarto, e, na quinta posição, a ENH.

Ao comentar aspectos mais particulares, o CIP referiu que a Kenmare construiu o seu portal na Internet “todo em inglês”.

“Parece que a preocupação é mais comunicar para o exterior do que para Moçambique”, comentou um dos participantes na pesquisa.

“Recomendamos que o faça em português para benefício da população”, destacou Inocência Mapisse, que salientou “desafios” encontrados durante a busca de dados na província de Cabo Delgado, afectada por uma violência armada brutal.

O Índice de Transparência do Setor Extrativo (ITSE) 2019/2020 é baseado numa classificação atribuída a empresas moçambicanas e estrangeiras do setor mineiro e petrolífero, que visa, com base em critérios internacionais de análise, avaliar os níveis de transparência no que diz respeito à partilha de informação útil sobre os seus investimentos.

A iniciativa, lançada hoje pelo CIP, avaliou as empresas com base em quatro indicadores: componente fiscal, social, ambiental e governação corporativa.

A recolha de dados baseou-se nas páginas das empresas na Internet e contacto com parceiros da sociedade civil.

Segundo o CIP, o índice de transparência do setor no país é “muito baixo”, com uma pontuação da ordem dos 30%, sugerindo a criação de um dispositivo que “obrigue as empresas a disponibilizar informação”.

“A situação mais grave é relativa a questão ambiental, que apresenta 5% [de transparência]. As empresas disponibilizam muito pouca informação relativamente a questões ambientais”, referiu.

A Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, braço empresarial do Estado, ocupa a última posição no ranking, com 4% de transparência.

“Sendo esta uma empresa pública era de se esperar que fosse exemplo em termos de transparência assegurando informação para o cidadão”, concluiu o CIP.

A Kenmare Resources é uma empresa com sede na Irlanda e opera o Projecto das Areias Pesadas de Moma, em Nampula, no norte de Moçambique.

Os minerais a que usualmente se faz referência com a expressão “areias pesadas” – por serem minúsculos cristais extraídos de areia -, são usados em aplicações industriais, tais como pigmentação de tintas e outros produtos, ou em sistemas de abrasão e isolamento.

(Correio da manhã de Moçambique)

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