Mambomba

Persiste uma lenda segundo a qual existe uma terra chamada Mambomba.

Há quem insiste que os governantes de Mambomba chegaram ao poder em moldes nada pacíficos, mas as promessas feitas pelo chefe dessa terra no dia da sua investidura amainou os ânimos da maioria dos habitantes.

No entanto, a conduta do chefe de Mambomba rapidamente desiludiu muitos, com a agravante de, constantemente, apelar à seriedade e contenção nacional, um discurso que muito contrasta com a sua própria conduta e da respectiva prole.

Diz quem já lei a Constituição e demais leis avulsas de Mambomba que elas são das mais brilhantes, românticas e modernas, mas quem lá vive sabe o caos e a lástima que são viver naquela terra representa, principalmente para o vulgar cidadão, porque as elites essas vivem à boa, larga e à francesa.

Consta que a economia de Mambomba definha a olhos vistos e os valores sociais e éticos estão a ser avidamente sepultados ao ponto de causar espanto quando se vislumbra quem ainda pauta por boas maneiras.

O lambebotismo, a bajulação, a calúnia, a difamação e a mentira se destacam em Mambomba como as principais bandeiras e tábuas de salvação e a sua prática é executada de forma olímpica por muitos aldeões.

Registos indicam que o recurso à violência sobre os críticos galopa e a fraude e a desconfiança em tudo o que é processo virou moda em Mambomba. Até para eleger um simples chefe do poço de uma aldeia local ou de uma agremiação qualquer é motivo de conflito pós-eleitoral entre os membros.

Mesmo as crianças de Mambomba se entregam frenética e alegremente a fraudes académicas ao ponto de, vezes sem conta, o período de exames escolares constituir momento de vergonha nacional jamais vista em parte alguma do planeta.

As justificações às fraudes (dos órgãos eleitorais) em tudo o que é processo em escalões inferiores são repetidas tal e qual como as que são usadas em processos eleitorais locais e nacionais de Mambomba.

Praticamente ninguém confiava em ninguém, apesar de quase todos pautarem por discursos lindos capazes de atrair para Mambomba qualquer incauto. Todos falam bonito mas quase todos agem muito feio e de forma vergonhosa para os que ainda têm pudor naquela terra. Até a maioria dos líderes religiosos e os académicos perderam a confiança do cidadão vulgar pela forma como se prostituem debaixo da mesa do regabofe dos “donos” de Mambomba.

Espantosamente o chefe máximo de Mambomba continua a pregar por boas práticas, para escândalo de quase todos que conhecem e acompanham as suas práticas quotidianas, aparentemente ignorando aquele ditado que reza que as práticas são os grandes ensinamentos que discursos, por mais bem elaborados que sejam.

Daí me recordei daquele pai que de tanto advertir o filho dos caminhos que devia seguir, este, já na adolescência, ganhou coragem e acabou dizendo ao progenitor que este (pai) é que devia ter cuidado com os caminhos que trilhava porque ele (o filho) apenas se limitava a segui-lo.

Foi a sensação com que fiquei esta quinta-feira quando me encontrei com o Tiago, meu colega de escola primária, quando me contou esta estória de Mambomba, e naquele seu estilo de muito brincalhão rematou esta:

Refinaldo! Sabes que cresci a ver o Tarzan todo pelado, a Cinderela a chegar a casa depois da meia-noite, o Pinóquio a mentir, o Ali Babá a roubar, o Batman a conduzir a 300 quilómetros a hora, a Branca de Neve com sete namorados e o Popeye a fumar “aquelas cenas” que na vizinha África do Sul até são permitidas e… querem que eu tenha juízo?!

É possível?!

Fiquei trémulo e sem apetite de acabar o café que tomava…

Compatriotas! Atenção ao que fazemos, dizemos e, até, ao tom com que falamos para que não nos transformemos em Mambombenses!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Correio da manhã do dia 14 de Dezembro de 2018 na rubrica semanal TIKU 15!

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