O ferido

Ferido  – Aqueles homens (presumivelmente da Unidade de Intervenção Rápida – UIR) têm jeito para maltratar outros seres humanos, sim senhor!

Desde que comecei a usar a Internet não me recordo de a Google ter bloqueado vídeos por conter imagens explícitas de violência (exagerada), mas esta semana aconteceu!

Efectivamente, a Google não aguentou com a brutalidade das imagens que, tanto quanto sei, foram difundidas em primeira mão pelo meu amigo e colega de profissão Lázaro Mabunda, um dos sempre bem informados jornalistas moçambicanos (https://www.facebook.com/lazaro.mabunda/posts/10210295011036383?pnref=story). Com a idade e o que ela já me deu a ver, sinceramente não fiquei espantado com a atitude daqueles homens armados, salvo a excessiva brutalidade exercida sobre indefesos e esfarrapados.

Tenho cá para mim a convicção de que aquilo de raridade não tem nada, simplesmente há evidências, que, geralmente, são escamoteadas ou simplesmente negadas e, porquê não, assacadas a terceiros. A ver vamos que resultados trará o dito “inquérito” em curso supostamente desencadeado no/pelo Ministério do Interior.

Outro espanto que se me apoderou, na sequência da difusão/circulação daquelas horripilantes imagens, foi de gente “pedindo(ao presumível facínora)medicação para um cadáver!”

Bom. É o desespero de gente sensata, ante a actuação de boçais sem contemplações.

Na verdade, é a máscara a cair por todo o lado: violência gratuita, mais violência gratuita, nas grandes cidades, incluindo em centros de ensino superior, bairros suburbanos e em zonas rurais deste martirizado Moçambique. Talvez teremos por este país milhentas de “comissões de inquéritos” integrados pelos próprios autores, procurando saber se de facto enxovalharam indefesos ou não. Simplesmente patético!

E, espantosamente, isto tudo acontece quando somos governados por continuadores da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que por penosos e longos dez anos dirigiu com mestria e valentia a guerra pela “libertação da terra e dos homens” de Moçambique.

Será que estes que se dizem da Frelimo hoje, no poder, não têm nada a ver com a Frelimo libertadora? Será a consumação do triunfo dos “membros da Frelimo de cartão” sobre os “membros da Frelimo de coração”, estes últimos na sua maioria hoje remetidos/apontados pelos primeiros como “antipatriotas”?

É o que as imagens que chocaram (até) aos colaboradores da Google não parecem de forças às ordens de um grupo de continuadores de libertadores, muito pelo contrário. Envergonham os que militaram e/ou apoiaram a Frelimo libertadora.

Será que ainda podemos alimentar alguma esperança perante os actuais timoneiros deste Moçambique?

Seja como for, independentemente dos resultados do(s) inquérito(s) em curso sobre este caso alegadamente de Namanhumbir outros, como alguém um dia disse, “a ferida pode sarar mas o ferido jamais voltará a ser o mesmo…”

Refinaldo Chilengue

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF  do jornal Correio da manhã  no dia 21 de Julho de 2017, na rubrica semanal intitulada TIKU 15

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