O que você faria?

O que você faria se, acidentalmente, “caíssem” na tua conta qualquer coisa como pouco mais de sessenta milhões e quinhentos mil meticais? É que isso aconteceu com Sibongile Mani, uma jovem estudante universitária da África do Sul, e veja o que ela fez e o deslinde da história

Em 2017, Sibongile Mani viu a sua conta a ser acidentalmente creditada com 14 milhões de rands do Fundo de Apoio a Estudantes (NSFAS).

Ela tinha direito de apenas 400 mil rands, para as suas despesas na Universidade Walter Sisulu, na província do Cabo Oriental.

Após os 14 milhões de rands “caírem” na sua conta, Sibongile Mani deixou de prestar contas a NSFAS e, em 73 dias, “estoirou” 810 mil rands, até que foi descoberto o erro a 13 de Agosto de 2017. Um gasto médio de 11 mil rands por dia.

Sibongile Mani gastou “a mola” em 48 centros comerciais das províncias de Cabo Oriental, Cabo Ocidental e Gauteng.

O Tribunal Regional de Easten London apresentou uma lista dos locais e valores gastos por Sibongile, durante os 73 dias em que “foi rica”: Discount Supermatket em Fleet Street, East London (178,923 Rands); Checkers Hyper, em Centurion (174,631 Rands); Checkers Nonesi Mall, em Komani (107,255 Rands); Shoprite, na Caxton Street, em East London (68,116 Rands) e Shoprite, em George (17,006 Rands).

Para sentenciar Sibongile Mani a cinco anos de prisão, a juíza Twanette Olivier considerou-a culpada de roubar 810 000 rands da NSFAS. A juíza disse, na ocasião, que uma pena suspensa era “inadequada. A única sentença apropriada é a prisão efectiva e, portanto, você [Sibongile Mani] é sentenciada a cinco anos de prisão”, disse.

A defesa da estudante tentou argumentar que o Tribunal não deve acabar com o futuro brilhante de Sibongile, mas a juiz respondeu dizendo que a ré “tomou essa decisão no dia 1 de Junho (Dia Internacional da Cianca) de 2018 e fez isso repetidamente por 73 dias consecutivos, várias vezes ao dia” e acrescentou que “essas foram decisões [de gastar o dinheiro] conscientes tomadas todos os dias pela ré e não pelo tribunal”. Também disse que Sibongile era adulta quando cometeu o crime.

A juíza disse também que 585 estudantes, que dependiam dos fundos da NSFAS para estudarem na Universidade Walter Sisulu teriam sido prejudicados se a InterlliMali, uma empresa sediada na Cidade do Cabo, não tivesse devolvido o dinheiro gasto por Sibongile. A InterlliMali é responsável pela distribuição de fundos do NSFAS aos estudantes.

O tribunal diz que teve em conta o facto de Sibongile ser ré primária. Também foi indicado que Sibongile pode beneficiar de liberdade condicional após cumprir um terço da pena de cinco anos.

Em tribunal, Sibongile disse que não tinha intenção de roubar o dinheiro da NSFAS e que não tinha conhecimento das especificações do seu contrato de empréstimo que tinha com a NSFAS. Estes argumentos foram rejeitados pelo tribunal.

Sibongile foi presa em Maio de 2018, pela unidade de crimes comerciais graves, depois que a InterlliMali abriu um processo por roubo.

O que você faria, se tal acontecesse contigo?

Houve ou não justiça?

Importa referir que na maioria das línguas nacionais da África do Sul “Sibongile” quer dizer “OBRIGADO”

Sibongile recorre

No entanto, Sibongile, hoje mãe de dois filhos, continuará “livre” até, pelo menos 11 de Abril, uma vez que a sua equipa de defesa recorreu da sentença proferida.

O caso de Sibongile está a apaixonar muitos internautas e é já tema viral nas redes sociais, com correntes a favor e contra.

A União sul-africana de estudantes (SAUS, na sigla em inglês) considera a sentença de “dura e desprovida de justiça”, apesar de condenar as acções de Sibongile.

“Esperamos que a sentença sirva de lição não apenas para Sibongile, mas para outros jovens que desonestamente pegarem o que não lhes pertence”, disse o porta-voz da SAUS, Luxolo Tyali.

No entanto a SAUS exige que aqueles que transferiram os 14 milhões de rands para a conta de Sibongile devem ser igualmente responsabilizados.

Por seu turno um empresário de nome Malcolm X, através da sua conta no Twitter disse que pagaria 500 mil rands (2.179.550 MZN) dos 810 mil (3.530.871 MZN) gastos por Sibongile, mas “apenas se isso a [Sibongile] mantivesse fora da cadeia”.

“Peço aos empresários responsáveis que doem os outros 310 mil rands (1.351.321 MZN), para completar os 810 mil rands que Sibongile ‘acidentalmente’ usou para si mesma”, acrescentou Malcolm

RAULINA TAIMO, em Pretória

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