Pangolins: coronavírus

Pangolins – Uma equipa de cientistas chineses demonstrou que os pangolins são portadores de coronavírus estreitamente relacionados com a SARS-CoV-2, causadora da actual pandemia que em Moçambique afecta, oficialmente, sete pessoas.

Todavia, os resultados das pesquisas não são suficientes para concluir que os pangolins são responsáveis directos pela transmissão do vírus aos humanos.

Rosa Marlene, directora nacional de Saúde Pública de Moçambique disse esta tarde em conferência de imprensa de balanço que dois novos casos foram confirmados e dizem respeito a um par de homens de mais de 40 anos, um estrangeiro e outro moçambicano, e que estiveram fora do país e regressaram na primeira quinzena de Março.

“Do total de casos registados, seis são importados e um é de transmissão local”, declarou Rosa Marlene.

As sete pessoas que contraíram a infecção e estão em Moçambique estiveram contacto com um total de 88 pessoas, que também estão de quarentena domiciliar e a ser acompanhados pelas autoridades de saúde, de acordo com a mesma responsável.

A SARS-CoV-2 surgiu num mercado de Wuhan (China) em que se vendiam animais selvagens e, apesar de haver provas que sugerem que os morcegos são o reservatório da síndrome, hoje os cientistas continuam sem saber que animal pode ser o hóspede intermediário que facilitou a transmissão do vírus aos humanos.

Hoje, um estudo genómico, liderado pelos virologistas chineses Yi Guan, da Universidade de Hong Kong, e Yan-Ling Hu, da Universidade de Medicina de Guangxi, publicado na revista Nature, avança que os pangolins malaios são portadores de coronavírus relacionados com SARS-CoV-2.

A semelhança entre esses coronavírus e o que causou a pandemia não é suficiente para confirmar se os pangolins são os hóspedes que transmitiram o actual surto de SARS-CoV-2 dos morcegos aos humanos, mas as descobertas sugerem que estes mamíferos selvagens são “um segundo hóspede dos coronavírus”, pelo que a venda nos mercados de fauna selvagem deveria estar estritamente proibida para evitar futuras transmissões, advertem os cientistas.

No estudo, recordam que pouco depois do início do surto, o mercado de Wuhan – o foco inicial da infecção – foi desmantelado, o que impediu recolher a espécie animal em que surgiu o coronavírus.

Um possível hóspede poderia ser o pangolim, o mamífero mais traficado e que se utiliza como alimento e na medicina tradicional chinesa.

Para o trabalho, Yi Guan e os colegas analisaram amostras de 18 pangolins malaios apreendidos em operações de luta contra o contrabando no sul da China, entre Agosto de 2017 e Janeiro de 2018, e em todos encontraram diferentes tipos de coronavírus.

Os vírus destas amostras tinham uma semelhança genética entre 85% a 92% com a SARS-CoV-2.

Além do mais, num destes vírus, a região que facilita a entrada na célula é muito similar à do vírus atual.

Não obstante, nenhum dos coronavírus de pangolim tinha a alteração específica da SARS-CoV-2 humana, o que suscita dúvidas de que os pangolins sejam responsáveis directos na transmissão do coronavírus aos humanos.

Ainda assim, os autores do estudo advertem que os pangolins não deveriam vender-se em mercados e propõem uma maior vigilância destes animais para compreender o seu papel no surgimento de coronavírus com potencial para infectar os seres humanos.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480.000 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 22.000 morreram.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com quase 260.000 infectados, é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos. Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais – com 7.503 mortos, em 74.386 casos registados até quarta-feira.

Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 4.089, entre 56.188 casos de infecção confirmados até hoje.

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.285 casos (mais de 74.000 recuperados) e regista 3.287 mortes. Nas últimas 24 horas, reportou seis mortes e 67 novos casos, todos com origem no exterior, quando o país começa a regressar à normalidade, após dois meses de paralisação.

(Correio da manhã de Moçambique)

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