Pensar e fazer grande!

Pensar e fazer grande! – Suscitou animados debates a decisão de se construir a Ponte Maputo-KaTembe. Hoje a infra-estrutura já é uma realidade e já “não há recua” (como costumam cantar os camaradas) e tudo leva a crer que até Março/Abril de 2018 as viaturas rolarão por cima dela majestosa obra e os constrangimentos para ligar as duas margens da baía de Maputo passarão para a História.

Desde sempre fui dos que estiveram do lado dos defensores da construção desta ponte, por vários motivos que não são para aqui convocados.

Muito recentemente fiz a travessia da baía do lado da cidade para a KaTembe, via ferryboat, evidentemente, e foi agradável contemplar a progressão das obras da ponte em marcha, cujo último tabuleiro foi colocado esta quarta-feira (25 de Outubro/17), muito antes do tempo previsto. Mais uma evidência de que os chineses não brincam em serviço (foi em 22 dias dos cerca de 45 inicialmente previstos)!

Sei que não será consensual a minha reflexão. Ao percorrer aproximadamente 80 quilómetros na novel estrada KaTembe/Ponta do Ouro fiquei com um incómodo atrás da orelha: a estrada possui apenas duas faixas de rodagem: uma para cada sentido. E mais: em algumas secções já está a ser “reparada” mesmo antes da sua conclusão/entrega/inauguração!

Sobre as faixas de rodagem, julgo-as muito pouco, para um troço que, presumo, terá muita demanda de nacionais e não só.

Uma das secções da ainda em construção estrada KaTembe
Uma das secções da ainda em construção estrada KaTembe/Ponta do Ouro

A explicação que me foi dada por Silva Magaia, o responsável moçambicano número um por esta empreitada, foi de que a rodovia crescerá à medida que se notar tal necessidade, alegadamente para não se repetir o episódio da estrada Chókwè-Massingir, que anda às moscas.

Achei plausível a argumentação dada por Magaia relativa às reparações que (já) se fazem na estrada ainda em obras: argumentou que são na sequência da supervisão do dono da obra (Moçambique)  que quando detecta falhas manda o empreiteiro  – a China Road and Bridge Corporation (CRBC)  a corrigir, às suas próprias expensas. “É tudo na base do princípio ‘chave na mão’”.

Mantenho, todavia, a minha convicção de que se pensou e se fez pequeno na estrada KaTembe-Ponta do Ouro. Julgo que não há comparação possível com Chókwè-Massingir. Oxalá esteja equivocado, porque em termos de ciência de estradas sou um brilhante leigo.

REFINALDO CHILENGUE

Este texto foi publicado em primeira mão na versão PDF  do Correio da manhã no dia 27 de Outubro de 2017, na rubrica semanal TIKU 15!

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