Ponta do Ouro já em uso

A avaliar pelo ritmo das obras e alguma documentação avulsa em circulação, a entrada em funcionamento pleno da Estrada KaTembe ou Boane – Ponta do Ouro, ainda em construção, poderá ser formalizada lá para os meados de 2018, mas, na prática, ela já está em uso, para o alívio de muitas pessoas, entre nacionais e estrangeiros.

Já que o atraso nas obras da construção da Ponte Maputo/KaTembe é o que (quase) todos sabemos – o mesmo acontecendo com as alegações oficiais/públicas sobre o quadro –, o criativo ser humano busca alternativas para usufruir da infra-estrutura que está a ser erguida pela China Road and Bridge Corporation (CRBC) ao custo inicial de USD 785 milhões.

O empreendimento inclui a ponte sobre a baía de Maputo, 187 quilómetros de estrada entre a cidade de Maputo e a Ponta do Ouro e ainda outros 63 quilómetros que ligam o distrito de Boane e Bela-Vista, a sede distrital de Matutuine, com cinco pontes que atravessam rios e três viadutos.

Aspecto dos cerca de sete quilómetros da via agreste entre o Aeródromo da ponta do Ouro e a fronteira de Goba
Aspecto dos cerca de sete quilómetros da via agreste entre o Aeródromo da Ponta do Ouro e a fronteira

O itinerário Maputo/Boane/Ponta do Ouro, para quem pretende ir à vizinha África do Sul (ou de lá entrar em Moçambique), é a via que já é por muitos usada, não obstante os cerca de sete quilómetros de uma multiplicidade de arenosas e serpenteantes picadas até atingir a fronteira.

Engana-se quem pensa que devido ao estado agreste dos sete quilómetros, que uma viatura 4×4 percorre em aproximadamente 10 longos e penosos minutos, o uso desta via está apenas “reservado” aos “todo-o-terreno”.

Ao longo da mesma, a Reportagem do Correio da manhã, que esta semana se fez ao local, deparou-se com alguns “atrevidos” veículos ligeiros, em alguns casos até superando alguns 4X4 que, por ventura, estejam sob condução de automobilistas menos competentes ou tenham tido o azar de cair” numa das picadas mais arenosas.

Quando isto – algum carro entalado no areal – sucede, assiste-se ao inevitável embaraço resultante de um “congestionamento” rodoviário, logo por estas alturas de uso descomunal de quase todas as vias que ligam Moçambique com os países vizinhos.

Já é nítido o aumento de utilizadores da fronteira de Ponta do Ouro Kosi Bay
Já é nítido o aumento de utilizadores da fronteira de Ponta do Ouro Kosi Bay

Entretanto, enquanto atrasa a conclusão das obras, honesta ou desonestamente se vai ventilando a possibilidade de revisão em alta dos custos iniciais, com a alegada necessidade de manutenção do estaleiro e equipamentos por mais tempo, pelos gastos de consumo de água, energia eléctrica e segurança.

Esta possibilidade foi publicamente apresentada em Novembro passado por Silva Magaia, presidente da Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul, no decurso de uma audição na Comissão da Agricultura, Economia e Ambiente da Assembleia da República.

Não é por pouco que apesar dos tais sete quilómetros rústicos e mais meia dezena de curtos desvios do asfalto por onde ainda decorrerem alguns trabalhos ao longo da estrada, principalmente sobre as majestosas pontes, as pessoas arriscam o recurso à ainda em construção rodovia.

Por exemplo, percorrendo o actualmente em uso (e quase exclusivo) itinerário Maputo/Goba (Moçambique)-Mhlumeni/Lavumisa (Suazilândia)-Golela/Durban (África do Sul) fazem-se os aproximadamente 700 quilómetros em oito horas, usando a via Durban/Kosi Bay (África do Sul)-Ponta do Ouro/Maputo, via Boane, o tempo reduz para seis horas, podendo passar para aproximadamente apenas cinco horas de viagem com a entrada em funcionamento da Ponte Maputo/KaTembe.

Dicas do autor

Já que em território sul-africano existem muitas vias, em bom estado de conservação, diga-se, a mais adequada para os viajantes oriundos de Moçambique que pretendam atingir a cidade portuária sul-africana de Richard Bay ou a cidadela eminentemente agrícola (canavial é o forte) de Empangueni – com uma substancial colónia de moçambicanos – o recomendável é: cruzada a fronteira da Ponta do Ouro/Kosi Bay, depois de percorrer 35 quilómetros  – depois de passar pela vila comercial de Manguzi – há uma rotunda. Deve fazer metade desta e desviar para a esquerda (R22), tendo como primeira referência a Reserva de Hluhluwe até atingir a N2.

Depois deste ponto, a indicação primeira será Empangueni. Aqui chegado, o viajante escolhe entre o desviar para Richard Bay, seguindo a sinalética de trânsito rodoviário ou à cidade agrícola.

Querendo prosseguir para Durban, daí em diante terá essa indicação permanente até chegar ao destino.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição do dia 21 de Dezembro de 2017, na versão PDF do jornal Correio da manhã

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