Projecto de Samora ameaçado

Projecto de Samora ameaçado  – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, referiu que “o projecto de Samora Machel”, primeiro chefe de Estado moçambicano, está ameaçado pelos ataques insurgentes no Norte do país, mas a resposta da África Austral é promissora.

“O projecto de Samora Machel está ameaçado por acções macabras em Cabo Delgado”, disse, esta terça-feira, Nyusi, durante uma cerimónia em Mbuzini, na África do Sul, no memorial e museu criados no local onde há 35 anos se despenhou o avião em que perdeu a vida o primeiro Presidente de Moçambique independente.

Nyusi fez uma alusão à onda de violência que já dura há quatro anos e que se transformou numa guerra que desde Julho conta com apoios militares do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Apesar das ameaças à visão que Samora traçou para o país, Filipe Nyusi enalteceu o apoio da SADC, nomeadamente da África do Sul.

Uma nota feita ao lado de Cyril Ramaphosa, Presidente sul-africano, que participou também na cerimónia.

A África do Sul é um dos países que integram a força conjunta da SADC a combater em Cabo Delgado e cujo apoio está a permitir às Forças Armadas e de Defesa de Moçambique (FADM) virar a seu favor a maré da guerra.

Nyusi agradeceu o empenho dos “filhos” da África do Sul em Cabo Delgado e referiu que o apoio militar conjunto está a permitir “travar a agressão” contra o país e “os resultados são promissores, até agora”.

Nyusi enalteceu a família Machel, com a viúva Graça ao seu lado, e destacou a “homenagem conjunta” de deste ano como um evento “que vai prevalecer através de várias gerações”.

Graça Machel, activista e viúva de Samora Machel, considerou que o primeiro Presidente moçambicano foi “assassinado” para calar uma voz de referência na região.

“Eu quero dizer aos meus filhos, jovens africanos, que estão nos seus 30 ou 20 anos, clamem e recuperem esta voz que se tentou calar aqui”, declarou Graça Machel.

O combate contra a pobreza, prosseguiu, deve ser a prioridade dos governos e as riquezas que a África Austral possui devem beneficiar o povo.

O Presidente sul-africano salientou ao longo do discurso a proximidade e irmandade entre os dois países, considerando que Mbuzini é um local “sagrado” e “um lugar onde um grande sacrifício foi feito”.

“Os sul-africanos jamais esquecerão o contributo de Samora Machel e das pessoas de Moçambique na luta para garantir que a nossa liberdade [luta contra o ‘apartheid’]”, declarou Ramaphosa.

Do lado sul-africano, o 35.º aniversário da morte de Samora Machel integra um conjunto de iniciativas do Governo que “visam corrigir e alterar a paisagem do património para transmitir autenticamente a história de libertação da África do Sul desde os tempos coloniais”.

O primeiro Presidente de Moçambique independente morreu em 19 de Outubro de 1986, quando um avião Tupolev se despenhou, durante a noite, em território sul-africano, na zona montanhosa de Lebombo, junto à fronteira com Moçambique.

Um engenheiro de voo e nove passageiros das 44 pessoas a bordo sobreviveram no acidente que atraiu alegações de sabotagem contra a então administração sul-africana do sistema de segregação racial do ‘apartheid’ e sobre o qual um inquérito da Comissão de Verdade e Reconciliação (TRC) sul-africana, em 1994, foi inconclusivo quanto às causas.

Samora Machel, 53 anos, regressava de uma conferência regional com líderes africanos, em Lusaca, na Zâmbia, e perdeu a vida ao lado de membros do seu partido, ministros, funcionários e tripulação da aeronave russa.

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