Soberania em causa

Soberania – O antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza considerou hoje que os ataques armados nas regiões Centro e Norte do país colocam em causa a soberania, defendendo a unidade nacional para a preservação da independência.

Armando Guebuza falava durante a videoconferência “Vida e Obra de Eduardo Mondlane: O Papel dos jovens na preservação e valorização dos ideais de Eduardo Mondlane”, em que foi o principal orador.

“Aquilo [que está a acontecer] em Cabo Delgado [Norte de Moçambique] e as acções de Mariano Nhongo [general dissidente da Renamo] no Centro do país também põem em causa a soberania nacional”, frisou Guebuza.

Tal como os conflitos armados, o discurso de dúvida e divisão em relação à unidade nacional também ameaça a soberania do país, acrescentou.

“Aparecem vozes a duvidar [da unidade nacional], este é o desafio que enfrentamos, mas temos que acreditar que vamos vencer os obstáculos”, salientou o antigo chefe de Estado.

A centralidade que Eduardo Mondlane, fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) organização no poder desde que o país se livrou da dominação colonial portuguesa, colocou na unidade nacional foi decisiva para a independência do país em 1975, prosseguiu Armando Guebuza, falando daquele que é considerado o “arquitecto da unidade nacional” dos moçambicanos.

Para preservar a soberania nacional, o ex-Presidente desafiou os moçambicanos a assumirem a unidade nacional como os católicos, que vivem diariamente a oração do “Pai nosso”.

“A unidade nacional tem de ser uma causa diária, como o ‘Pai nosso’ é para os católicos, não deve cansar”, ressalvou.

O antigo Presidente moçambicano assinalou que o fundador da Frelimo teve a capacidade de congregar comunidades diferentes do território então dominado pelo colonialismo português em prol da independência nacional, alcançada em 1975.

“Aquilo que eu vi em Eduardo Mondlane foi uma grande obra: a unidade nacional, as diferenças não acabam, mas predominou a unidade”, sublinhou.

Evocando sempre o fundador da Frelimo, Armando Guebuza exortou a juventude moçambicana a amar a pátria e a afirmar os ideais da moçambicanidade face ao risco da absorção dos valores nacionais pela globalização.

“Que a globalização não nos absorva, mas que assimilemos os aspectos da globalização que nos fortalecem como moçambicanos”, defendeu.

Armando Guebuza foi Presidente de Moçambique entre 2005 e 2015, sendo uma figura história da Frelimo, pela qual ocupou vários cargos no Governo.

Eduardo Mondlane foi o primeiro presidente da Frelimo, desde a fundação da organização em 1962, para a luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português.

Eduardo Mondlane foi liquidado fisicamente num atentado à bomba em 1969 num crime atribuído à PIDE.

A província de Cabo Delgado, que acolhe multinacionais envolvidas em projectos de gás natural, é desde Outubro de 2017 palco de ataques protagonizados por grupos armados classificados pelo Governo moçambicano e entidades internacionais como terroristas.

A violência armada já causou a morte de, pelo menos, 1.059 pessoas em quase três anos, além da destruição de várias infraestruturas.

De acordo com as Nações Unidas, os ataques levaram à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.

Na região centro de Moçambique, mais concretamente nas províncias de Sofala e Manica, ataques armados atribuídos a uma dissidência da guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, já provocaram a morte de mais de 20 pessoas e a destruição de bens.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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